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Após conflito com Mali, Niger e Burkina, imigrantes do Sahel temem aumento de actos racistas na Argélia

A preocupação entre a população negro africana residente na Argélia é real. Historicamente estigmatizados em função da sua cor de pele mais escura, os imigrantes do Sahel receiam o aumento dos actos racistas, em pleno clima de tensão entre o regime argelino e os vizinhos da região.

Um autêntico clima de medo está instalado nas redes sociais argelinas, com profusão de sentimentos e preconceitos sobre os imigrantes e reiterados apelos contra os subsaarianos, que já são alvo de tratamentos degradantes em todo o país.

Este sentimento anti-imigrantes ficou ainda mais acirrado aquando do recente ataque argelino a um drone maliano, que as autoridades de Argel acusaram de violar o seu espaço aéreo, o que levou o Mali, o Níger e o Burkina Faso a convocar os seus embaixadores.

Paralelamente, as autoridades malianas, ao mesmo tempo que negaram a violação do espaço aéreo, acusaram o governo da Argélia de “usar e apoiar o terrorismo para promover sua agenda regional”, aumentando o clima de tensão já existente e culminando com o encerramento do espaço aéreo da Argélia para o Mali, tendo como resposta medida semelhante do governo de Bamako (capital e maior cidade maliana).

Situação na região ao rubro

Agora, com os maus-tratos sofridos por imigrantes africanos na Argélia, a situação na região está ainda mais ao rubro, para mais num contexto de permanente bloqueio à comunicação social e ao jornalismo independente de investigarem a real situação dos imigrantes.

De referir que o Níger e o Mali têm erguido reiteradamente as vozes contra a perseguição de imigrantes, traduzida na prática desumana de abandono de milhares de cidadãos subsaarianos numa fronteira desértica em condições hostis, levando à morte de dezenas de pessoas.

Por outro lado, relatos de imigrantes presos sem comida e água em calor extremo na fronteira com o Níger têm levado a reiteradas declarações de repúdio por parte da OIM (Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas), da Human Rights Watch, da Amnistia Internacional e de outras organizações de defesa dos direitos humanos.

Discurso militarista

A tensão na região parece estar numa escalada incontrolável, com a Argélia a reforçar as narrativas militaristas, através de uma forte campanha mediática e de comunicação para mostrar a força do exército e tranquilizar as populações perante supostas ameaças na fronteira sul do país.

Centrada em eventualidades não provadas factualmente, o exército argelino arvora a sua preparação para fazer frente a ameaças regionais, em mensagens dirigidas aos cidadãos do país e à comunidade internacional.

Divulgada em plataformas oficiais do Ministério da Defesa, a campanha aposta em conteúdos “bombásticos”, através de vídeos, áudios e registos fotográficos de manobras militares, exaltando o legado do Exército de Libertação Nacional, a preparação das Forças Armadas e suas alegadas “capacidades humanas, técnicas e logísticas”, bem como uma mensagem do presidente Abdelmadjid Tebboune, enfatizando que a tropa “está em constante e máxima prontidão”.

António Alte Pinho

c/Agências

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