O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu a necessidade de se fazer reparações históricas para o continente africano, durante a abertura do Ano Judicial 2025 do Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos O evento aconteceu esta segunda-feira, 3, em Arusha, na Tanzânia.
Sob o tema “Promovendo a Justiça através de Reparações”, Neves destacou que as reparações não se limitam à compensação material, mas devem abranger áreas como saúde, educação e cultura, essenciais para a reconstrução e o desenvolvimento sustentável da África. “Não basta reconstruir estradas ou oferecer indemnizações. É preciso investir na dignidade das pessoas e no futuro das novas gerações”, afirmou.
O chefe de Estado cabo-verdiano alertou para os impactos duradouros dos conflitos que ainda assolam o continente, citando casos como o Sudão e a região do Sahel. Ressaltou ainda a importância da educação na reconstrução das sociedades afetadas pela guerra, bem como o papel da cultura na preservação da identidade africana.
Neves também abordou o legado do tráfico transatlântico de escravos e do colonialismo, afirmando que a reparação é uma obrigação moral e política para corrigir injustiças históricas. Igualmente, defendeu uma “descolonização mental”, enfatizando a necessidade de romper com narrativas neocoloniais e fortalecer a soberania africana.
Cimeira da crioulidade
No discurso, o presidente anunciou que Cabo Verde sediará, ainda este ano, a Cimeira da Crioulidade, na Cidade Velha, para promover o papel da cultura africana na construção de um futuro mais justo e inclusivo.
“Reparar África é garantir um mundo mais justo e solidário. É transformar o sofrimento das gerações passadas em força para o futuro”, concluiu Neves, reforçando o compromisso de Cabo Verde com a justiça social e a reparação histórica.
Adelise Furtado (Estagiária)
