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Política

PAICV com três candidatos à liderança do partido: Coesão interna é a palavra de ordem

A vitória do PAICV nas eleições autárquicas e a indisponibilidade de Rui Semedo em se recandidatar à liderança do partido aguçaram apetites e já existem três candidatos à chefia do maior partido da oposição. Resta saber se essa disputa interna contribuirá para a tão almejada coesão interna no PAICV. 

O melhor resultado de sempre do PAICV nas eleições autárquicas, com a conquista de 15 Câmaras Municipais, com destaque para a vitória, pela primeira vez, no Maio, e pela ascensão para o segundo lugar em São Vicente, poderia ser motivo mais que suficiente para o líder do partido, Rui Semedo, invocar uma certa legitimidade para concorrer a mais um mandado com presidente do maior partido da oposição, mas não o fez. 

Na reunião do último fim-de-semana do Conselho Nacional do PAICV surpreendeu alguns militantes e dirigentes do partido ao anunciar que não estava disponível para se recandidatar à liderança do partido, alegando que o PAICV precisa assumir novas e exigentes responsabilidades. Para Semedo, este é o momento de colocar Cabo Verde e o PAICV em primeiro lugar.

Segundo Rui Semedo, tratou-se de uma decisão reflectida e ponderada tendo como pano de fundo o melhor para o partido que se deve preparar para assumir novas e exigentes responsabilidades, num contexto de profundas e complexas mudanças no plano interno e externo.

Afirmou, por outro lado, que é preciso naturalizar a cultura de circulação do poder a nível interno como forma de abrir espaço à ascensão de novos líderes e de introduzir factores de revitalização da organização. “Colocar-me-ei na linha de frente, como facilitador, para ajudar a construir a melhor solução para uma alternativa clara e vencedora em 2026”. 

Apelou, também, à unidade no sentido de ampliar as forças do partido, aumentar o potencial colectivo, reforçar a capacidade de diálogo e preparar-se para superarem juntos todos os obstáculos. “Um PAICV unido pode ser a chave para ganhar as próximas eleições e salvar o nosso país”. 

Dois autarcas e um deputado anunciam candidatura à liderança do PAICV

Contudo, essa almejada união poderá ser posta em causa se as três candidaturas que se perfilam para o cargo de líder do PAICV se enveredarem para situações que possam fragilizar a coesão interna do partido há muito abalada, por causa de tentativas de excesso de protagonismo por parte de determinadas “facções” internas.

Por outro lado, vislumbra-se um processo renhido para a eleição do próximo presidente do PAICV, no pleito aprazado para o dia 30 de Março deste ano. Francisco Carvalho sente-se legitimado pelo facto de ter conseguido a sua reeleição à Câmara da Praia com uma maioria qualificada. Porém, Nuías Silva, que também conseguiu de forma folgada a sua reeleição à Câmara de São Filipe, também se sente legitimado para concorrer a esse cargo, estribado no seu percurso político, como presidente da JPAI, deputado e vice-presidente do partido. 

Já Francisco Pereira, deputado eleito pelo círculo da Europa, pode ser considerado um “outsider” nessa disputa que deverá centrar-se Francisco Carvalho e Nuías Silva. Sendo um emigrante, desconhece-se qual a sua implantação entre a grande maioria dos militantes do PAICV, que se concentram, naturalmente, em Cabo Verde e não na diáspora. 

As eleições diretas para a eleição do novo presidente do PAICV estão marcadas para o dia 30 de Março, onde votarão 34 mil militantes inscritos no partido. Os delegados ao congresso, que decorrerá nos dias 02, 03, e 04 de Maio, serão eleitos, concomitantemente, com a eleição directa do presidente do partido, em número de 318, fixados pelo Conselho Nacional, dos quais um total de 144 delegados natos, mais 15 que vêm directamente da JPAI, sendo certo que o congresso vai ter um total 477 delegados, além de convidados e participantes.

Francisco Carvalho joga na antecipação

Dois dias antes da data da realização da reunião do Conselho Nacional do PAICV, presidente da Câmara Municipal da Praia (CMP), Francisco Carvalho, anunciou, na sua página do Facebook, que será candidato à liderança nas eleições directas, que ainda não tinham data marcada. 

Este autarca afirmou, na altura, que vai entrar nesta corrida por dever de consciência, mas também compromisso com o futuro do país. “Faço-o, neste momento, obedecendo a um dever de consciência como cabo-verdiano, e assumindo o meu compromisso com o meu país e com o meu partido”. 

Disse, por outro lado, que está a entrar nesta caminhada “por uma gestão inclusiva, participativa, que resgate o passado dos nossos ideais, em equilíbrio com a modernidade que nos exige o futuro”.

Nuías Silva submete sua candidatura ao crivo do “povo do partido”

 Nuías Silva, vice-presidente do PAICV e presidente da Câmara Municipal de São Filipe, tinha afirmado que só concorreria à liderança do partido caso Rui Semedo não avançasse para um segundo mandato, cumpriu a promessa e, logo após o anúncio da decisão do atual presidente do maior partido da oposição em não se candidatar, fez uma publicação na sua página do facebook dando conta da sua intenção em avançar para o cargo. 

Nuías Silva afirmou que a sua candidatura será submetida ao crivo do “povo do partido” com uma ambição estribada na convicção de que será útil na união e na coesão do partido que representa e na definição de uma nova agenda de desenvolvimento de Cabo Verde.

 “Ganhar o PAICV, ganhar as próximas eleições de 2026, num intenso diálogo com os militantes, a sociedade civil e os cidadãos, e vencer os grandes desafios – emprego, pobreza, desigualdades, habitação, saúde, transportes, educação, criminalidade – são as minhas grandes prioridades estratégicas”, enfatizou. 

Francisco Pereira estabelece a inclusão e o desenvolvimento como maiores obejectivos  

Francisco Pereira, deputado eleito pelo círculo eleitoral da Europa, também anunciou a sua candidatura à sucessão de Rui Semedo na liderança do PAICV. 

Para este deputado, que agora se posiciona como candidato ao cargo de presidente do maior partido da oposição, a sua decisão tem a ver com o contexto do xadrez político nacional. Pretende assumir a liderança do PAICV para tornar Cabo Verde “ainda mais inclusivo e mais desenvolvido”. 

Francisco Pereira, que é membro de todos os órgãos do PAICV, considerou ainda que é determinante que o partido tenha um presidente capaz de liderar o maior partido da oposição que “Cabo Verde tanto almeja”. 

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