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Santiago

Praienses pagam, literalmente, pela ineficiência da AdS

A cidade da Praia vive uma crise de água que tem causado grande indignação entre moradores e pequenos, médios e grandes empreendedores. Cansados, vários consumidores  relatam a ausência do líquido precioso das suas torneiras há mais de dois meses, enquanto outros apontam o dedo à comunicação ineficiente da empresa. Há ainda quem se questione o porquê da água só estar disponível de madrugada, quando o cidadão comum está a dormir. 

Cláudia Freire, dona de um pequeno comércio em São Pedro, diz-se desgastada. “Já tínhamos dois meses sem água, veio em pouquíssima quantidade e agora estamos há 15 dias sem novamente”. 

Segundo esta munícipe, a água vem de madrugada, às vezes nem ela nem os vizinhos se percebem disso. Por isso, é obrigada a recorrer a caminhões autotanque, pagando 300 escudos por barril, dois a cada dois dias. “É um custo altíssimo e, no fim do mês, ainda chega a factura da AdS”, desabafa.

Na Ponta d’Água, Artur Cruz, de 70 anos, também ele comerciante, diz ter a torneira ligada a um barril “há semanas e nada de água. Na rua da frente, às vezes, conseguem água de madrugada, mas aqui não vem”, lastima. 

“Pago até 1200 escudos por uma tonelada de água, e ainda sou obrigado a pagar a AdS por um serviço que praticamente não usufruo-o. Não é justo!”

Artur Cruz nos confidenciou que as suas facturas de Novembro e Dezembro já estão pagas e, da água, nem sinal.

Sustento dos lavadores de carros e cabeleireiras

Para Edmilson “Nhaco” Moreira, lavador de carros na Achada Grande Frente, e para os irmãos Edson e Edmilson Almeida, também  lavadores de carros, mas no bairro do Brasil, na Achada Santo António, a falta de água ameaça o seu sustento.

“Compro uma tonelada por 1200 escudos, mas cobro 400 por lavagem completa. Sem lucro, às vezes aumento o preço, mas os clientes reclamam e vão a quem cobra menos. Além disso, falta comunicação, deveriam avisar a população quando há problemas”, explica Edmilson Moreira.

“Aqui na ‘Txada’ estamos há dois meses sem água”, conta Edson. “Quando vem, se vier, é sempre de madrugada e por pouquíssimo tempo. Muitas vezes temos de pedir a vizinhos ou comprar barris a 350 escudos, outro dia, fui pedir água aos bombeiros para conseguir trabalhar”.

Para a cabeleireira Sandra Lopes, funcionária de um Salão na Achada Santo António, estar sem água num salão de beleza significa perder clientes. Assegura que há mais de três meses que não têm água regular e que sem isso ela não consegue atender clientes para lavar cabelos, por exemplo, ou para serviço de pedicure. “Ontem a minha patroa comprou uma tonelada de água por 1200 escudos, mas só dura dois dias, faça as contas”. Acrescenta, inclusive, que recentemente até os camiões tiveram dificuldades para abastecer o salão.

Já Rita de Jesus, doméstica e vendedora de “fresquinhas”, relata que a escassez vem desde antes do Natal na rua onde reside, na Ponta D´Água. “Preciso de água para as lides de casa, sorte que somos só três. Quando não compro, busco na casa da minha filha ou peço aos vizinhos”.

Por sua vez, Lurdes Moreno, peixeira da Várzea, desabafa que já está há quase dois meses sem água regular. “Quando vem, é de madrugada e dura poucas horas. Pago 350 escudos por barril ou 1200 por uma tonelada, mas isso pesa muito para quem já vive com dificuldade”, diz.

Todos os  entrevistados do A NAÇÃO afirmaram-se  abandonados pela AdS, sentimento reforçado pela aparente ou ineficiente comunicação, que amplia a revolta da população e consumidores. 

AdS culpa avaria da Electra 

Recorde-se que o presidente do conselho da administração da AdS, Nilton Duarte, justificou que a falta de água deveu-se a uma avaria num posto de transformação por parte da entidade produtora, a Electra, que “reduziu consideravelmente” a capacidade de produção e distribuição de água. O mesmo argumentou que sempre que houver uma avaria por parte da entidade produtora da água, neste caso, a Electra, a Ads faz a distribuição por contingência.

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