Depois de ter recebido o certificado de país livre de Paludismo em Janeiro passado, Cabo Verde volta a ser ensombrado por essa doença com a confirmação recente de dois óbitos. O Governo descarta para já que o país corra o risco de perder o certificado e o primeiro-ministro garante que está em curso uma investigação para apurar se os casos são autóctones ou importados.
Apesar de já se especular, nas últimas semanas o eventual registo de casos de Paludismo na cidade da Praia, nada havia sido confirmado, ou desmentido, pelas autoridades, até então. Mas esta quarta-feira, 13, numa declaração ao país, a propósito da epidemia da dengue, Ulisses Correia e Silva confirmou terem ocorrido dois óbitos devido ao Paludismo em Cabo Verde.
Contudo, garantiu que está em curso uma investigação para apurar se em causa estão casos importados ou autóctones. O chefe do Governo atestou ainda que o país continua a ser um país livre do paludismo, trabalhando continuamente na prevenção e redução dos riscos que existem. “Cabo Verde é um país que está situado numa zona onde temos mobilidade e circulação permanente, da proximidade de países onde o paludismo é endémico, esse é um risco”, admitiu.
O certificado de país livre de Paludismo atribuído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), recorde-se, foi atribuído a Cabo Verde em Janeiro deste ano, após anos de intenso trabalho conjunto. Cabo Verde passou, assim, a juntar-se a outros 43 países e um território que receberam esta certificação dessa organização.
Os resultados da investigação sobre as duas mortes provocadas por Paludismo deverão determinar se estamos perante casos locais ou importados, sendo certo que o certificado de país livre de Paludismo pode estar comprometido se forem atestados casos locais.
Dengue em fase descendente
O primeiro-ministro garantiu esta quarta-feira,13, ao país que a situação de dengue está numa fase descendente, mas instou todos, instituições, sociedade civil e autoridades nacionais a não baixarem a guarda no combate ao mosquito vector da doença, sendo a prevenção a melhor forma de combater o mesmo.
Nesse sentido, destacou a implementação do Programa de Acção de Prevenção e Combate à Dengue coordenado pelo Serviço Nacional de Proteção Civil, em curso, abrangendo campanhas de limpeza, pulverização e sensibilização nas comunidades.
“Estamos agora numa fase descendente da dengue, o que é uma boa notícia, mas responsabilidade acrescida para todos para intensificar as medidas de prevenção e combate”, disse.
Para reduzir os focos do mosquito transmissor, UCS garantiu que vai reforçar as campanhas de pulverização dentro e fora das casas, campanhas de limpeza, fecho e demolição de pardieiros, recolha de pneus abandonados e reforço de comunicação de risco, com particular incidência na Cidade da Praia, maior foco da doença e que até terça-feira contava com 9.201 casos confirmados e dois óbitos.
No total, são já 14.137 infectados com a doença no país e cinco óbitos. Além dos dois na Praia, um em Santa Cruz, um em Mosteiros e outro em São Filipe, no Fogo.
Ainda que sem avançar datas concretas, o chefe do Governo garantiu que o país está a operacionalizar a chegada do 1º lote de vacinas, no total de 50 mil doses, oferta do Brasil. Porém, alertou que não vão resolver o problema. Como disse, as vacinas vão ajudar na redução dos efeitos, mas “a melhor prevenção ainda é evitar sermos picados”. “Entrando as vacinas não podemos baixar as armas”, advertiu.
Publicado na edição 898 do Jornal A Nação, de 14 de Novembro de 2024