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§§§ A IMAGEM assume-se plena de ENIGMAS §§§ VERITAS LUX MEA!

Por: Francisco Fragoso*

À modo de NP: 

Imagens sagradas — (CIC 1169,1162; CdA, 753).

“Não se deve fazer nenhuma imagem de Deus invisível!

Entretanto, quando se vê o incorpóreo tornar-se homem, faça-se uma

 imagem da forma humana; quando o invisível se torna visível na carne, 

pinta a semelhança do invisível”. 

Deus é mistério invisível!

Diretamente, em Si mesmo, não é representável, mas tornou-Se visível

 no Seu Filho feito homem. Cristo, por sua vez, reflete a Sua perfeição em 

Maria, nos anjos e santos, em cada homem e em todo o mundo criado. 

Destarte, da única imagem perfeita derivam outras imagens vivas. Por fim, 

como derradeira conclusão, devem considerar-se as obras de arte pintadas

 ou esculpidas, como uma figura refletida num espelho. As imagens 

artísticas remetem-nos para as pessoas, para Cristo e, por isso, para o 

mistério de Deus. A sua contemplação não só facilita o conhecimento, mas

 fortalece a comunhão vital, realiza um encontro e irradia uma presença. 

A sua meditação não é apenas didática, outrossim cultual!

Revela-se,

particularmente válida numa civilização das imagens, como é a nossa! 

Outorga-nos uma ajuda preciosa para orar e convida-nos a descobrir o 

rosto de Deus nos homens, nossos companheiros de viagem!”

§§§§§§§§§§§§

Com efeito:

A Imagem assume-se plena de enigmas!

Ela é plástica. Deste modo, permite sair da “nossa rigidez, ou seja da certeza do nosso mundo, a obstinação da nossa cultura”. O nosso encontro com

 a imagem produz a possibilidade de não se sentir trancados em juízos demasiados verdadeiros, e nos encoraja a uma outra palavra, sabendo bem que todo encontro supõe uma diversidade de caminhos! Nada, quiçá, já não é glorioso no vocábulo como a imagem, pois que ela assume o seu segredo e a sua profundidade, a sua infinita reserva! Ao nível da imagem, o elóquio não se encontra ainda alienado!

A imagem presta-se à escrita, concomitantemente 

que resiste e lhe deseja permanecer estranha!

“L’image est une énigme, dès que, par notre lecture indiscrète, nous la faisons surgir pour la mettre en évidence en l’arrachand au secret de sa mesure.

 À cet instant, énigme, elle pose des énigmes. Elle ne perd pas sa richesse, son mystère, sa vérité. Au contraire, elle solicite par son air de question toute notre aptitude à répondre en faisant valoir les assurances de notre culture comme les intérêts de notre sensibilité . . . L’image est essentiellement double. Non seulement signe et signifié, mais figure et infigurable, forme de l’informel, simplicité ambigue qui s’adresse à ce qu’il y a de double en nous et réanime  la duplicité en quoi nous nous divisions, nous nous rassemblons indéfiniment . . . L’image tremble, elle est le tremblement de l’image, le frisson de ce qui oscille et vacille. Elle sort constamment d’elle-même; c’est qu’il n’y a rien où elle soit elle-même, toujours déjà en dehors d’elle et toujours en dehors de dehors, en même temps d’une simplicité qui la rend plus simple que tout autre langage et est dans le langage la source d’où il “sort”, mais c’est que cette source est la puissance même de “sortir”, le renouvellement du dehors dans (et par) l’écriture.”

Este conseguido e admirável Texto da lavra e autoria do Egrégio

 Romancista e crítico literário francês Maurice Blanchot (1907-2003)

 sobre a imagem coloca os fundamentos próprios da abordagem da arqueografia. 

A IMAGEM que descobrimos, que sublinhamos, não introduz

 um sentido, entretanto a possibilidade de sentidos múltiplos! O percurso arqueográfico assume um caminho que conduz do sentido já dito à imagem

 do sentido, da clareza da percepção à vacilação e ao estremecimento dos contornos das cousas e dos seres, que encontram a vibração do sentido,

 a liberdade, a libration . . .

Sim, efetivamente:

A Arqueografia decifra o palimpsesto 

A Escrita sob a escrita

Os vocábulos que se lovent na entranha dos vocábulos,

Os vocábulos que se lavem na escuma dos vocábulos!

Com efeito (et pour cause):

A Arqueografia faz desabrochar os vocábulos novos, ela é ponte

 contra o olvido! Outorga ao ouvido a oportunidade do inaudito,

 ao olho a “souplesse” do interdito! 

Enfim:

Ela oferece à boca o sopro do novo, à mão a ebriedade do poema!

BROCKTON/BOSTON (USA)

Outubro 2024

*MÉDICO & HUMANISTA

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