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Economia

Reversão dos terrenos do investimento de David Chow: Governo procura em Macau novos investidores

O Governo já deu ordens para reverter o plano de concessão do projecto turístico do empresário David Chow no ilhéu de Santa Maria e criar as condições para o surgimento de novos projectos. E para isso uma equipa de advogados, com antena em Macau, procura novos interessados no empreendimento. O temor é que se repita o mesmo erro de atribuir essa zona da capital a um único operador. 

O Governo criou uma equipa composta por um grupo restrito de conhecidos advogados da praça e um residente em Macau para identificar um novo investidor que possa assumir, na íntegra, o empreendimento de David Chow, cuja primeira pedra foi lançada em 2016. Com uma previsão de quatro anos para a conclusão da primeira fase, o empreendimento encontra-se paralisado, sem conclusão à vista. 

Em Outubro do ano passado, o presidente e director executivo da Macau Legend Development (MLD) anunciou que a operadora de jogos em Macau tinha decidido abandonar o projecto de hotel-casino no ilhéu de Santa Maria, na Praia, por dificuldades financeiras.

Na altura, instado sobre a decisão da empresa MLD em abandonar o projecto da Gamboa e do Ilhéu de Santa Maria, o primeiro-ministro disse que nos próximos tempos seria conhecida uma solução para o referido investimento. 

“Temos que reverter a concessão, portanto, esta é uma concessão de exploração e de investimentos, há já algum tempo havia indicações de que haveria problemas do lado do investidor e a sua capacidade de concluir o projecto, agora, vamos fazer as partes que têm a ver com todo o suporte jurídico para fazer a reversão da concessão depois ver que destino dar a esse investimento que não pode ficar como está”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

O risco de um único operador 

Porém, a decisão de voltar a conceder todo o projecto a um único operador não é bem vista por economistas e empresários do ramo do turismo, que consideram que toda a área em questão deveria ser objecto de um Master Plan. Nele seriam previstos vários lotes de terrenos, que, concecionados a promotores diferentes, trariam a vantagem de celeridade na realização de investimentos, promoção da competividade, diversidade da oferta, competitividade e concorrência. 

“Só a área enxuta são 35.000 metros quadrados poderia albergar vários hotéis”, alega um dos nossos interlocutores, segundo o qual “a cidade da Praia não tem disponível um ‘prime lands’ (terrenos disponíveis para grandes investimentos), susceptiveis de atrair hotéis e marcas top”. 

É que, segundo as mesmas fontes, está provado que a concessão de grandes extensões de terreno a um único operador não significa a conclusão do projectos, como a agora aconteceu com Gamboa e Ilhéu de Santa Maria. Este, de um orçamento inicial de 250 milhões de euros, foi sendo reduzido significativamente, mas mesmo assim não foi concluído. 

“Normalmente essas grandes extensões de terreno, como é também o caso do Santiago Golf Resort e outros projectos no Sal e na Boa Vista, só servem para especulação imobiliária”, realça uma das fontes do A NAÇÃO, para quem os terrenos, que acabam de ser revertidos em relação ao plano de investimento da MLD, deveriam ser divididos em vários projectos cujos orçamentos deveriam rondar entre 40 e 80 milhões de euros.  

“É que, se for atribuído a um único promotor, toda essa área nem daqui a 10 anos veremos concretizado esse investimento. Primeiro pelo volume de investimento que requeria capacidade financeira elevada; segundo a complexidade do projeto levava seu tempo a elaborar e executar”, realça a mesma fonte, que considera que a decisão em relação aos terrenos da Gamboa e do Ilhéu de Santa Maria “deve ser inteligente e estratégica”. 

Quase 10 anos à espera

Em 2015, David Chow assinou com o Governo cabo-verdiano um acordo para a construção do empreendimento no ilhéu de Santa Maria, na Gamboa, tendo sido lançada a primeira pedra do projeto em fevereiro de 2016.

O projecto envolvia o maior empreendimento turístico de Cabo Verde na altura, com um investimento global previsto de 250 milhões de euros – cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.

O plano envolvia a construção de uma estância turística com uma área de 152.700 metros quadrados, um hotel com ’boutique casino’, de 250 quartos, que já foi construído, mas está fechado, uma piscina, várias instalações para restaurantes e bares, além de uma marina, e também foi construída uma ponte para o ilhéu.

Sem dúvida, tudo bonito na maquete, do qual apenas resultou uma ponte que liga Gamboa e o ilhéu de Santa Maria e um edifício com uma volumetria descomunal e que não se enquadra com a arquitetura da zona onde a mesma foi erguida. 

 

Publicada no Jornal A Nação edição 879 de 04 de Julho

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