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Desporto

Andebol em São Vicente em risco de colapsar

O Andebol já viveu dias melhores em São Vicente, com muita força e vivacidade, chegando até a produzir vários campeões nacionais. Hoje, a presidente da Associação Regional de Andebol de São Vicente (ARASV), Osvaldina Silva, alerta que é preciso repensar a situação da modalidade na ilha do Monte Cara. E não é a única que se mostra preocupada com o futuro desse desporto na ilha do Porto Grande.

O Andebol em São Vicente encontra- -se em “ponto morto” em risco de “colpapsar”. E, no dizer da presidente da ARASV, Osvaldina Silva, num exclusivo ao A NAÇÃO, a situação é “deveras crítica”, e merece ser “repensada” por todos aqueles que têm alguma palavra no campo do desporto.

A situação chegou a um ponto tal que, para haver provas de andebol, é preciso improvisar uma terceira equipa, porque apenas as duas oficialmente existentes – Académica e Atlético – são insuficientes, à luz do necessário para uma prova regional.

Preocupada com a falta de jogadores ao nível de seniores, tanto em masculino como em feminino, Osvaldina Silva admite que a própria Associação Regional precisa “fazer o seu trabalho de casa”, de modo a reverter o quadro existente. E isto, como reconhece também, só é possível através de um plano de reestruturação que aposte nos escalões de formação, com enfoque nos júniores para fornecer atletas para a competição sénior. “Apesar de termos participado nos jogos escolares ainda não foi possível pegarmos e arrancar de vez com este escalão”, realça. “Por isso reafirmo aqui a necessidade de repensarmos o Andebol em todos os seus aspectos”. Para demostrar a situação por que passa a modalidade na ilha do Monte Cara, Osvaldina Silva revela que o campeonato  começou apenas com três equipas masculinas e o mesmo número em femininos, número esse o mínimo para a realização do campeonato nacional, mesmo assim “irrisório”, em comparação com aquilo que São Vicente já teve num sado muito recente. “Há cerca de quatro anos que, o número de equipas tem vindo a decair”, frisa.

A entrevistada do A NAÇÃO falou do caso em que havendo apenas duas equipas, e para completar o quadro de três obrigadas pela lei para a realização do campeonato, foi preciso improvisar uma terceira equipa com os jogadores que não estavam enquadrados nas duas outras, Académica e Atlético, para viabilizar a realização do campeonato regional.

De realçar que uma das regras fundamentais para que uma região desportiva participe no Nacional, além do Campeonato Regional, é que as equipas participem em mais 12 jogos. “Temos feito um trabalho com deslocações às localidades chamadas de periféricas, e também, às várias escolas nas comunidades para sensibilizar os jovens a aderirem à modalidade”, afirma. Para além de estar no terreno no seu trabalho de sensibilização, a ARASV tem-se deparado com uma dificuldade maior: a disponibilidade de atletas para participarem nas equipas devido ao trabalho, e também, aos estudos e afazeres do dia a dia. Estas giram mais à volta das equipas seniores masculinas, o que, no entender da entrevistada do A NAÇÃO, é onde a ARASV tem estado sempre a tentar criar condições para a viabilização das provas. Acrescenta a este propósito que os clubes, como a Académica e o Atlético, têm feito um bom trabalho, a par do Grémio Desportivo Amarante.

A par disso, a Associação vem trabalhando na sensibilização dos outros clubes tradicionais, como o Clube Sportivo Mindelense, o FC Derby, o Castilho e os GD Falcões do Norte da Chã de Alecrim, entre outros, no sentido de abraçarem também o andebol, além do futebol.

Só que, infelizmente, nesse esforço o avanço da modalidade não depende apenas dos atletas ou dos clubes, e muito menos apenas da Associação. Um dos problemas pela inexistência de infraestruturas adequadas no Mindelo e de dinheiro disponível para financiar as actividades. “Não temos campos. As equipas não têm onde fazer os seus treinos. Temos apenas  o Polidesportivo Municipal de Oeiras e, a bem da verdade, a ocupação das bancadas é em número bastante irrisório neste aspecto de poder devolver algum dinheiro para ajudar a cobrir os custos”, lastima Osvaldina Silva.

Entretanto, disse que está em negociações com algumas entidades públicas e privadas para que a Cidade do Mindelo venha a acolher o Campeonato Nacional Senior Feminino, o que, a seu ver, só será possível com a procura de eventuais parceiros, pois só com a bilheteira não será todo viável no sentido de cobrir todas as despesas.

As dificuldades derivam do facto do orçamento ter que contemplar o pagamento aos elementos do corpo da arbitragem, de transportes dos jogadores, e de toda a logística que uma prova deste tipo acarreta.

João A. Rosário

Leia na integra na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 870, de 02 de Maio de 2024

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