O presidente do PAICV (maior partido da oposição), considerou hoje “inútil” a “Conferência Internacional sobre liberdade, democracia e boa governança”, que começou hoje na ilha do Sal. Para Rui Semedo esse evento não passa de “propaganda e de promoção da imagem do Governo”.
Em conferência de imprensa, o líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), citado pela Inforpress, afirmou que a conferência internacional que tem lugar hoje e amanhã, na ilha do Sal, “não promove a imagem, não contribui para a qualificação da democracia e não muda a prática e as atitudes” e, neste caso, alertou que o país permanece na mesma com os “problemas”.
“Estamos de acordo que nós temos uma democracia que em termos de regra cumpre, temos eleições regulares, mandatos regulares, com cidadãos a participarem nas eleições e partidos também a participarem nas eleições, no entanto há falhas na qualidade da governação e na cultura política e democrática e na participação política”, disse, acrescentando que é preciso investir para melhorar o desempenho democrático.
Para o líder da oposição o que faz falta ao país é a práctica da democracia e não as “conversas sobre a democracia que alimentam os egos dos que a atropelam no quotidiano das nossas vidas”.
“Sim, aqui faltam-nos uma cultura democrática e atitudes que permitem aceitar e respeitar a diferença de forma genuína e autêntica”, defendeu.
Investir na qualidade de vida dos cabo-verdianos
Para o líder da oposição, a melhor promoção da imagem do país que se deve fazer é investir na qualidade de vida dos cabo-verdianos e melhorar o seu nível de participação.
Rui Semedo considera que o investimento nesse evento “sem qualquer retorno para as populações” não é uma prioridade tendo em conta os seus custos e benefícios.
“Num país onde o desemprego e a pobreza só não incomodam os desalmados e insensíveis que nos governam, é imoral investir 55 mil contos neste evento apenas para convencer a comunidade internacional, mas ignorando por completo este povo sofredor.
Oposição discriminada pelo Governo
Rui Semedo confirmou que foi feito um convite geral a todos os deputados do partido e não houve um convite directo ao líder do partido.
Referiu também que não foi atribuído nenhum papel a “ninguém da oposição” para fazer uma comunicação na conferência para também dar a conhecer a leitura do PAICV à comunidade internacional, referente à democracia, considerando que se tratava de mais uma figura de “corpo presente” sem ter uma comunicação própria sobre a qualidade da democracia.
Rui Semedo alertou que a oposição tem sido “muitas vezes discriminada”, considerando que “não perde” com a conferência de “propaganda e marketing” que está a decorrer na ilha do Sal.
“A oposição muitas vezes é discriminada, não é chamada, a oposição muitas das vezes não tem acesso às informações, portanto nós não estamos disponíveis para este tipo de jogo, vender uma boa imagem e tratar-nos de forma discriminada e sem respeito internamente”, disse o líder do PAICV.
Assegurou o deputado que para se ter democracia, liberdade e boa governação há que se fazer uma gestão “séria, rigorosa e transparente” dos recursos públicos e, de igual modo, prestar contas com transparência, reconhecer os erros e as falhas e responsabilizar os prevaricadores.
“Se quisermos ter democracia, liberdade e boa governação temos que responsabilizar ministros que escondem relatórios de inspecções públicas, encobrindo irregularidades graves e nocivas dos interesses públicos”, declarou.
A ilha do Sal acolhe nos dias 08 e 09 de Abril uma conferência Internacional intitulada “Liberdade, democracia e boa governança: Um olhar a partir de Cabo Verde”, com a presença de entidades nacionais e internacionais.
C/Inforpress