Por: Carlos Carvalho
Hoje, trago cultura… sem política… politicando!!
Trago cultura para abordar Museu… Digno, que não há/existe.
Sim.
A capital do país não tem um Museu à dimensão do que a Praia-cosmopolita, hoje, representa.
Qualquer capital normal do mundo deve possuir pelo menos um Museu… com classe. O Senegal, por exemplo, inaugurou, há pouco tempo, o Museu das Civilizações.
Não o conheço ainda. Mas conheci/conheço quase todos os museus da capital senegalesa, mais a de Gorée-PM.
Aliás, sou doente por museus. Não faço uma viagem qualquer sem que visite pelo menos um. É obrigatório constar na minha agenda.
“Impus” igualmente aos meus filhos o hábito de visitar museus. Dentre outros, conhecem o Louvre e o Quai d’Orsay.
Conheço alguns dos museus da costa-vizinha: Benin, Cote d’Ivoire, Níger, etc.
Conheço bem alguns dos grandes museus europeus. Da ex-URSS, onde estudei, conheço vários. Dentre eles, o famoso Hermitage, nu lebadu excursão/estágio.
Conheço igualmente alguns museus do Rio-Brasil.
Do Québec-Canada, onde também estudei… conheço quase todos os museus, ti kés más pikinotis!!
No mundo, há museus de/para todos os gostos… até Museu de Esgoto existe.
Ten un tipu di museu k ta pon dodu…os marítimos. Adoro o mundo marinho, aquelas peças todas, alguns ti nu ten na nós “Museu de Arqueologia”, cujo espólio, na sua grande maioria, ben di nós mar. Aliás, este Museu já teve peças quase únicas… entretanto roubadas… nunca mais se falou delas!!
Nen pozison… nen opozison!!!
Nossos useus – L’état de lieu
Cabo Verde tem vários museus: Etnologia, Arqueologia, Resistência, Tabanca, em Santiago; da Bandeira, do Café, na Ilha do Fogo; aliás, S. Filipe é único município que tem um Museu Municipal, obra de Nhu Ungenu Veiga…a quem tiro o xapeu; do Mar, Cesária Évora e um privado, em S. Vicente; da Baleia e da Morna, em S. Nicolau; de Arqueologia, recém-inaugurado, na Boavista; Museu do Sal; Casa-Museu Nhu Eugénio, na Brava.
2 ilhas, infelizmente, não possuem um Núcleo Museológico que seja: Maio e S. Antão.
Estas ilhas bem que podiam ter 1… com razoável qualidade. Por exemplo, o Museu de Arqueologia tem várias peças originárias do Maio. Igualmente, há municípios que podiam até ter 1 ou mais de bom nível.
Praia-Capital
A capital alberga os seguintes: Etnográfico, riba-Praia; Arqueologia, hoje negativamente instalado no Palácio da Cultura Ildo Lobo; e da Educação, instalado no edifício da Escola Grande. Estes três museus, apesar de suas utilidades, não conferem dignidade à capital do país.
Impõe-se, assim, um Museu à dimensão de uma cidade-cosmopolita que é, hoje, a Praia. E a capital, infelizmente, não possui muitos espaços que possam albergar um Museu com a dignidade que a capital merece.
Vergonhosamente, a Cidade Velha-Património da Humanidade, não possui uma infraestrutura mínima museológica. Teve um Núcleo Museológico, base de um futuro digno Museu. Entretanto, foi desmantelado, sem se entender porquê.
Num passado não muito longínquo, foi prometido um Grande Museu para a Cidade. Mas, como aqui, na nossa tapadinha, mudam as pessoas e mudam as vontades, tudu bai sima mon di sal na agu. Pá prijuízu di propi pais!!
Qualidade dos museus
Sobre a qualidade de nossos museus, não farei comentários, para não ferir susceptibilidades!!
Só 2 exemplinhos.
Acabei de visitar um… no interior… sinceramente!!!
Sobri keli sta ben dubrusa… na nha “kaza”.
O de Arqueologia, um belo exemplo de que pode haver um Museu pequeno, mas interessante… quase desmantelado… espólio spadjadu pá tudu ladu!!
Finalmente… há dias apareceu mais um Museu. Digno…muito interessante!! Do BCV!! Bon, ken k teni kunbu…!!!
Concluindo, a pergunta que se impõe é:
Que política para museus?
Confesso k nka sabi k política museológica nu ten, hoje!!
Qual a linha orientadora para a criação de museus e suas qualificações, up-grade, também não sei!! Aliás… k criado… parsen ma so kel di Bubista… que tivera antes 1 Núcleo… foi desmantelado… não se sabe porquê… e reaparece. Não o conheço ainda… parece bem conseguido.
Do resto…só txapa-txapa!! Pá pior!!
O projecto-Museu Nacional (MN)
Mas, vamos ao que interessa… MN.
Feito o retrato da capital, no que se refere a Museus, eis o que se me oferece dizer.
Já foi dito que os museus existentes não conferem à cidade-capital a dignidade que merece. E a capital, infelizmente, não possui espaços que possam albergar um Museu no verdadeiro sentido da palavra. É norma edifícios-patrimoniais serem transformados em museus. Ou, museus são criados de raiz. É aqui que aparece o Quartel Jaime Mota.
Quartel Jaime Mota (Q-JM)
O arquitecto Spencer no seu: “Conservação do Património Construído: Manual de boas praticas”, escreve:
“Antigo Quartel General, atualmente Quartel Militar Jaime Mota, no centro histórico da cidade da Praia…construído por fases, entre 1823e 1860…Foi Quartel do Batalhão de Caçadores d’Africa Ocidental; depois Quartel da 1ª Companhia de Polícia Civil e Militar. Actualmente, Companhia de Infantaria Jaime Mota”. 2017. P.22.
O Q-JM situa-se em pleno Centro da Vila-Cidade da Praia. A história diz que foi inicialmente uma barraca para albergar militares. Em 1872, ganha o corpo e a estrutura que tem hoje. Depois da independência, ganha o nome de Jaime Mota, herói da luta pela independência da Guiné e Cabo Verde, falecido durante essa mesma luta.
Edifício patrimonial, reúne as condições ideais para albergar o Museu Nacional, com as variantes de museus que, hoje, a capital oferece; pode-se ainda nele instalar qualquer outra variante de museu que se decidir, com todas as funcionalidades que um museu, moderno, exige: salas de exposições, reservas, serviços administrativos, sala de conservação, espaço para conferências, lojas, etc., etc..
Retorno de bens
Está na agenda mundial-cultural a problemática do “Retorno de Bens”.
Infelizmente, esta problemática parece não constituir preocupação para as autoridades nacionais. A decisão de se transformar o Q-JM em Museu Nacional poderia servir de mote para despoletar o “retorno” de bens que se sabe existirem nalguns museus estrangeiros. Este facto devia ser do conhecimento de “quem de direito” que devia bulir um pouco para que esses objectos regressassem a casa.
Q-JM: Uma mais-valia
O Q-JM tem ainda uma excepcional mais-valia que é a sua privilegiada localização, em pleno Riba-Praia… PN!! Essa sua localização permite valorizar o CH e a zona conhecida por Cruzeiro, que podia ser transformado num “Museu-a-céu-aberto” com as várias peças de artilharia que o “enfeitam”.
Toda essa zona podia assim ser transformada numa vasta zona cultural, de excelência, disponibilizando-a aos artesãos para confecção e venda de seus produtos e aos músicos que podiam actuar ao ar livre, sem perturbar os moradores da zona.
Tá dá dó odja turistas tá passia Riba-Praia sen sabi pundi bai para usufruir de uma oferta cultural, nem podendo contribuir para dinamizar a economia da capital, na kel poku tenpu kés tá pára li.
Mais. Os espaços que albergam, hoje, os museus poderiam ser destinados a outros fins…ou a museus de dimensão menor.
Comcluindo
A ideia de transformar o Quartel num Museu não é de hoje. Foi discutida ainda nos inícios de 2000, quando se iniciou o “Processo de Alienação do Quartel Jaime Mota”, “com vista a sua conversão num empreendimento hoteleiro, turístico e cultural, que dessem ao espaço um novo papel e propiciassem aos cidadãos uma área de lazer e actividades culturais”.
Nessa altura, a instituição responsável pelo Património, entendendo haver necessidade de se criar um verdadeiro Museu Nacional, tudo fez para que o espaço fosse cedido para o efeito, tendo sido inclusive elaborado um projecto e solicitado apoio junto da UNESCO para busca de financiamento para sua implementação. Depois de muito vaivém, o processo parou. Estamos em 2023 e o Quartel ainda lá se encontra, com as mesmas nobres funções militares, porém, já desenquadrado da realidade do séc. XXI.
A dura realidade, de hoje, é: por um lado, termos um Quartel, com imenso espaço e poucos militares sen nada k fazi; por outro, uma cidade-capital sem um espaço para um Museu digno desse nome. Um Quartel-monumental, em pleno Riba-Praia, ainda Património Nacional, subaproveitado e subvalorizado, que podia trazer uma grande mais-valia à capital.
Senhor-Quem-de-Direito
Terminando mesmo.
Este artigo tem um destinatário, o Senhor-Quem-de-Direito.
Este Senhor deve saber perfeitamente porque trago esta reflexão, pois, ele é, entre muita coisa importante, “Champion” do Património Cultural e Natural de…imaginem só… toda a África!!
Que reflita… sobre!!
Só espero que quando o ilustre Senhor tiver que decidir que tenha a humildade de consultar “quéns” entendem minimamente da realidade museológica do país.
Aliás, nsta curioso pá sabi kenha k tá konsedja Sr. Champion…em matéria de Património!!
Tenho escrito.
08-09/23