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Cultura

Ver e falar de cinema ao sabor da ‘Mankara’

Nasce na Praia um espaço para ver, sentir e conversar o cinema de Cabo Verde, de África e do Mundo. Mankara é um cineclube criado a pensar no público cabo-verdiano, embalado pelo sabor do grão que outrora substituiu a pipoca na plateia do cinema nacional.

Durante muito tempo Cabo Verde praticamente teve todas as suas salas de cinema fechadas, o que levou as pessoas a perderem o hábito de ir ao cinema. No sentido inverso, proliferaram as plataformas digitais de streaming, facilitando o acesso as grandes produções mundiais.

É da vontade de resgatar esse hábito que surge o novo cineclube – Mankara, incubado do projecto Praia Criativa, a ser inaugurado esta quinta-feira, 15 de Fevereiro, no Palácio da Cultura Ildo Lobo. Uma iniciativa da Kori Kaxoru Films, assinada pelas produtoras e realizadoras Natasha Craveiro e Emília Wojciechowska.

“De todo o trabalho que temos estado a fazer desde 2016, dos filmes que já estreamos e da consequente adesão do público, percebemos que as pessoas precisam de uma oportunidade. De poderem apreciar diferentes cinematografias e de ter um leque de opções para escolherem o que gostam mais”, revela Natasha Craveiro.

O nome, segundo explica, por sua vez, a realizadora Emília, é também o resgate de um hábito antigo em Cabo Verde. Outrora, em vez de pipocas, as pessoas levavam mancarra (amendoim) ao cinema.

“Queremos resgatar isso. Sabemos que já havia a cultura de ir ao cinema, era um evento importante, onde as pessoas se reuniam. Então, queremos trazer essa interação, num espaço para ver filmes, mas também para discutir vários temas”, explica.

Mankara promete, assim, ser uma experiência de “vários sabores” e até mesmo de terapia, com um cardápio que vai desde o humor e descontração a temas mais voltados para o pensamento crítico.

Novo espaço para o cinema made in Cabo Verde

Mankara quer ser uma solução para o problema de distribuição com que se deparam as produções cabo-

verdianas dentro do país. “A nossa intenção é ser este espaço onde divulgamos o trabalho cabo-verdiano”, revela Craveiro.

A nova sala de cinema estará aberta ao público todas as quintas-feiras, com exceção da última quinta de cada mês. Uma vez por mês trará, também, um ciclo de conversas, workshops e curadorias, tendo em conta que a intenção é, para além de mostrar filmes, criar um espaço para conversas, discussão e aprendizagem à volta da cinematografia.

“Serão sempre filmes com alguma ligação, seja de tema ou lugar, e com foco no cinema nacional e regional (africano). Para isso estamos desenvolvendo parcerias com outros cineclubes de outros países”, aponta Emília, segundo a qual, sempre que possível, estará presente nos ciclos de o realizador do filme exibido, seja presencial, seja online.

Fomentar novos apreciadores

Ao dar ao público a oportunidade de ver para além do produto final, Mankara quer contribuir para aguçar o gosto pelo cinema e, quem sabe, ser a semente para novos fazedores da sétima arte.

“Criar uma espécie de escolinha onde, de repente, vão sair críticos de cinema, pessoas que de repente sonham em ser um realizador, um engenheiro de som, um director de fotografia”, exemplifica Natasha Craveiro.

Para começar, quatro dias de cinema

O evento de inauguração do Mankara estará dividido em quatro dias, começando hoje com uma viagem pela história do cinema mundial, a partir das 19 horas.

Na sexta-feira, à mesma hora, a atenção estará voltada para o cinema africano, com exibição de duas curtas e uma longa metragem, produções de Angola, Guiné-Bissau e Senegal.

Após uma viagem pelo continente, no sábado, Mankara desembarca em território nacional, exibindo, igualmente, duas curtas e uma longa-metragem: “Sumara Maré”, de Samira Vera-Cruz, “To beef or not to beef. That is the question in the island of Moo” de Carlos Yuri Ceuninck e “Serenata sem Luar” de Jean De Dieu Gomes.

O último dos quatro momentos acontece no domingo, com uma oferta para o público infantil. Como não podia deixar de ser, as exibições serão acompanhadas pela mancarra, que agora volta a ser presença assídua na sala de cinema.

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