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Cultura

Carnaval do Sal reivindica mais atenção e apoio

Diz-se, pela voz dos grupos, um dos carnavais que mais evoluiu nos últimos anos em Cabo Verde. Entretanto, a falta de apoios é apontada como um entrave ao seu crescimento, pelo que reivindicam mais atenção, especialmente por parte do Ministério da Cultura, assim como acontece em outras ilhas.

O desfile oficial de terça-feira, nos Espargos, ilha do Sal, estará a cargo de dois grupos: o Patxe Parloa e o Gaviões, que vão disputar o título no carnaval deste ano.

Os dois blocos, através dos seus presidentes, expressaram ao A NAÇÃO que o carnaval do Sal tem dado sinais claros de evolução e com as condições reunidas para estar em pé de igualdade com qualquer outro no país, no que toca à qualidade do trabalho feito.

Entretanto, há aspectos que ainda minam o seu desenvolvimento, entre os quais a intermitência nas saídas de alguns grupos e a ausência de apoios, tanto por parte da tutelas da cultura e do turismo, quanto por parte dos principais actores turísticos na ilha. 

“Os dois grupos têm sido mais assíduos, têm dado uma boa contribuição e temos tido uma evolução grande. Em termos de qualidade de trabalho, acho que o Sal é das ilhas que teve uma evolução maior”, diz o presidente do Patchê Parloa, Nuno Lopes. 

Para este folião, não se tem dado, infelizmente, a devida atenção ao carnaval na ilha do Sal, sendo que os grupos não têm conseguido materializar, sequer, um encontro com o ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, para exporem o que têm feito. Por outro lado, defende que a própria tutela do turismo deveria apoiar o carnaval, enquanto potencial produto na ilha mais turística de Cabo Verde. 

“O carnaval na ilha do Sal tem todas as condições para ser um produto turístico. Há muitos turistas a assistir, mas os grupos nada ganham com isso porque os hotéis, simplesmente, nos ignoram”, aponta o entrevistado do A NAÇÃO. 

Este posicionamento é compartilhado pelo presidente do Gaviões, José do Rosário, que também desfila este ano. Segundo o mesmo,  o valor de 200 mil escudos disponibilizado pelo MCIC à Câmara Municipal do Sal, para apoiar os grupos, é bastante irrisório, para não dizer outro nome. 

“Sal, como uma ilha turística, a mais importante ilha turística de Cabo Verde, deveria ter mais apoios. Temos um grande potencial para desenvolver o nosso carnaval mas não estamos a conseguir”, reforça, salientando, que, não obstante as dificuldades, os grupos têm apresentado andores bem preparados e foliões bem trajados. 

“Temos tudo a dar ao carnaval mas nós não somos notados. Não sei por que motivos. Sal tem concurso de carnaval há mais de 50 anos. Os decisores não estão a prestar atenção ao que é feito no Sal”, lamenta o presidente do Gaviões, grupo fundado em 2002.

China Fraternal e a Rota do Café são os temas deste ano 

No seu vigésimo aniversário, o grupo Patchê Parloa traz a China para o seu enredo, com foco na tradição, mitologia e tecnologia. O samba, “China Fraternal”, foi composto por Constantino Cardoso. 

Patchê Parloa está na reta final dos preparativos para colocar na avenida dois carros alegóricos e cerca de 400 foliões, um número inferior ao habitual, tendo em conta, conforme revela o presidente, a data em que calhou o carnaval deste ano.

Já o Gaviões, também nos retoques finais, diz que vai apresentar-se com um carro alegórico e até 350 foliões, num desfile que vai retratar a “bonita” Rota do Café e a história de uma das bebidas mais consumidas no Mundo. 

Para além destes dois grupos a competir, o carnaval na ilha do Sal vai contar com grupos de animação, nomeadamente Maravilhas do Universo, Crioula África e o grupo carnavalesco de Santa Maria que apenas desfila na cidade turística.

A Câmara Municipal disponibilizou este ano um montante de quatro mil contos para apoios aos grupos e prémios aos vencedores. 

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 858, de 08 de Fevereiro de 2024

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