A Associação para Defesa do Consumidor (Adeco) posiciona-se contra o aumento das tarifas de electricidade e defende que essa medida não vai resolver os problemas das operadoras e nem a sustentabilidade dos serviços públicos de fornecimento de energia eléctrica.
A Adeco, através de um dos membros da direção, Marco António Cruz, mostrou-se contra e descontente com a medida de aumento das tarifas de electricidade da Electra e AEB (Águas e Energia da Boa Vista) para o consumidor final que sofreram um aumento desde o dia 01 de Janeiro, conforme nova actualização da Agência Reguladora Multissectorial da Economia (ARME).
São aumentos em 2,12 e 3,57 escudos, respectivamente.
Segundo Marco António Cruz os cabo-verdianos já pagam uma tarifa “muito cara” e que os consumidores estão insatisfeitos com o custo que pagam mensalmente pela electricidade.
Lembrou ainda que este é um dos sectores que a associação mais recebe queixas e reclamações dos consumidores.
Aumento não vai salvaguardar o equilíbrio económico e financeiro das operadoras
No entender da Adeco, este aumento da tarifa não vai salvaguardar o equilíbrio económico e financeiro das operadoras [Electa e AEB] e nem a sustentabilidade dos serviços públicos de fornecimento de energia eléctrica.
“Portanto, não vão conseguir cumprir essa função, que é o equilíbrio económico e financeiro, porque nós sabemos que a Electra vem acumulando prejuízo ano após ano. Em 2012 foi de 782 mil contos”, justificou.
Sector mal gerido, no entender da Adeco
“O problema é que este sector está mal gerido (…) envolve os operadores, as políticas, assim como as reformas a fazer e as medidas que devem ser tomadas”, notou Marco António Cruz, frisando que o maior problema da Electra tem a ver com as perdas de energia.
Em relação ao reajuste na AEB, cuja novas tarifas sofreram um aumento de 3,57 escudos por kW, o representante da Adeco questionou sobre as razões pelas quais os boa-vistenses têm que pagar mais caro do que as restantes ilhas, “quando existe no país uma política de uma tarifa uniforme”.
“Se todas as ilhas têm a mesma tarifa porque não integrar os consumidores da Boa Vista na rede da Electra. Não é justo”, apontou Marco António Cruz, aconselhando as operadoras a utilizarem combustíveis mais baratos (fuel 180), nos centrais de Fogo e Santo Antão, de modo a diminuir os custos e, consequentemente, as tarifas de energia.
“É preciso que as operadoras, juntamente com o Governo, possam resolver essas questões e tentar baixar as tarifas em Cabo Verde, que são elevadas a esse ponto só por causa dos combustíveis”, concluiu.
C/ Inforpress