Segundo a Associated Press, a administração de Joe Biden vai dar ordem para a libertação de Alex Saab, considerado próximo de Nicolás Maduro, e que estava preso nos Estados Unidos, desde 2021, por suspeitas de lavagem de dinheiro, tendo sido detido primeiro em Cabo Verde, em 2020, e, depois, extraditado. Em troca, e de acordo com a mesma agência, a Venezuela vai libertar 36 cidadãos estrangeiros, incluindo 12 norte-americanos que estão detidos no país.
O acordo surge apesar da ausência de medidas pedidas pelos Estados Unidos para garantir eleições livres na Venezuela.
Nos últimos dias tinham sido arquivados registos que estavam sob registo no processo criminal contra Alex Saab, que há muito estava parado no tribunal federal de Miami. Essa era já, segundo os meios de comunicação norte-americanos, uma indicação de que algo estava a ser preparado.
Há muito que os Estados Unidos acusam Alex Saab de ser próximo de Nicolás Maduro. A libertação de Alex Saab nunca aconteceria antes de uma grande concessão do presidente venezuelano, o que agora acontece.
Recorde-se que o próprio Nicolás Maduro tem pendente um mandado de captura por crimes relacionados com tráfico de droga nos Estados Unidos, que oferecem uma recompensa de quase 15 milhões de dólares a quem ajude a trazer o chefe de Estado venezuelano à justiça.
Este acordo deve agora enfurecer a oposição venezuelana, que tem criticado a Casa Branca pela ausência de avanços na luta contra o líder do país sul-americano.
Entre os norte-americanos libertados estão dois antigos militares, Luke Denman e Airan Berry, que estiveram envolvidos numa tentativa de destituir Nicolás Maduro em 2019. Também estão detidos Eyvin Hernandez, Jerrel Kenemore e Joseph Cristella, acusados de entrar ilegalmente no país vindos da Colômbia. Mais recentemente, a Venezuela prendeu Savoi Wright, um empresário de 38 anos da Califórnia.
Captura de Saab em Cabo Verde
Quanto a Alex Saab, hoje com 51 anos, foi retirado de um jato privado a 12 de junho de 2020, pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma paragem para abastecimento de combustível em Cabo Verde, a caminho do Irão, para onde foi enviado para “negociar acordos petrolíferos em nome do governo de Nicolás Maduro”.
As acusações são as seguintes: conspiração para cometer lavagem de dinheiro ligada a um esquema de suborno que alegadamente desviou quase 350 milhões de euros através de contratos estatais para a construção de habitações económicas para o governo da Venezuela.
O governo venezuelano tem insistido que Alex Saab estava a viajar para o Irão para comprar alimentos e material médico quando foi detido em Cabo Verde.
Saab já havia sido sancionado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos por supostamente comandar um esquema que incluía o círculo íntimo de Nicolás Maduro e roubou centenas de milhões de dólares de contratos de importação de alimentos numa época de fome generalizada, principalmente devido à escassez no país sul-americano.
O venezuelano foi extraditado para os Estados Unidos da América (EUA), na tarde do dia 16 de outubro de 2021, pouco mais de um ano e quatro meses depois de ter sido detido.
C/ CNN Portugal