O poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares apresenta na próxima quinta-feira,16, o seu mais recente livro intitulado “Perder o Pio a Emendar a Morte”. Após apresentação às 18 horas na Livraria Pedro Cardoso, na Fazenda, a obra seguirá para Santa Catarina de Santiago, na sexta-feira,17, com apresentação às 17h30, no Espaço Poial.
Esta obra mais recente de José Luíz Tavares chega agora, após o lançamento na quinta-feira,9, da sua antologia poética “Como um Segredo na Boca do Universo”.
Ambos os lançamentos de “Perder o Pio a Emendar a Morte” (na Praia e em Assomada) estarão a cargo do poeta e crítico português António Cabrita.
Este que foi o primeiro crítico a escrever sobre José Luiz Tavares, aquando da sua estreia, com “Paraíso Apagado por um Trovão”, em 2003.
Escrita no contexto da pandemia
Editada pela The Poetry and Dragons Society, a obra, com a qual o autor venceu o prémio Ulysses 2022, foi escrita no contexto da pandemia, durante o primeiro confinamento.
Entretanto, em declarações à Inforpress, José Luiz Tavares esclareceu que não se trata de uma obra sobre a pandemia.
“É um livro que nasce de um sufoco existencial, mas também físico. Se o horizonte da finitude acompanha sempre o devir humano, nesse tempo era mais tangível, era algo que se tinha instalado perceptivelmente à nossa volta”, explicou.
Livro sobre a condição humana
O poeta natural do concelho do Tarrafal de Santiago referiu que “não é um livro sobre a pandemia, mas sobre a condição humana, e uma interrogação sobre a própria poesia, se em tempos de peste ela poderá ser uma forma de consolo”.
Não sendo uma obra sobre esse evento planetário, esse serviu, no entanto, ao autor de “mola desencadeadora dessas antipoéticas, desencantadas, mas sempre lúcidas, visões do mundo e do homem lançado no mar da existência”,
“Tributária das leituras”
Referindo-se à obra “Perder o Pio a Emendar a Morte”, José Luiz Tavares afirmou que é, de um certo modo, “tributária das leituras” que foi fazendo durante esse período.
Nomeadamente, “o grande poeta e ensaísta alemão”, Hans Magnus Enzensberger, Nicanor Parra, o iconoclasta chileno e inventor da chamada antipoesia, Daniil Harms, Stig Dagerman, E.M. Cioran, Nietzsche, Kierkegaard, Arno Schmidt e Alberto Pimenta.
Questionar uma humanidade em crise
De acordo com a crítica especializada, com “Perder o Pio a Emendar a Morte”, José Luiz Tavares navega numa intimidade que comunga com a morte.
“O silêncio espreita por todos os lados. A solidão cerca-nos, asfixiando a coragem e a vontade. Ouvem-se apenas os gritos de gargantas ocas que se abrem para engolir todo o sofrimento”, diz a editora.
“Neste livro, o poeta questiona uma humanidade em crise, caminhando entre covas abertas, entre mortos que partilham a mesma respiração. Escrito em período de pandemia, este livro revela a visão apurada de um homem que carrega as almas dos que conheceram o sofrimento”, acrescenta.
Sobre o autor…
José Luiz Tavares nasceu no dia de Camões, 10 de Junho, no Tarrafal, Cabo Verde, em 1967, e estudou Literatura e Filosofia em Portugal, onde vive.
Desde a sua estreia, em 2003, publicou 19 livros e recebeu inúmeros prémios, um deles o Prémio Imprensa Nacional/ Vasco Graça Moura, sendo o escritor mais premiado de sempre de Cabo Verde.