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Cultura

Novo livro de Joaquim Arena:“O sabor da água da chuva e outras memórias da amiga perfeita”

O romancista Joaquim Arena apresentou esta quinta-feira, 05, na Assembleia nacional, na Praia, o seu mais recente livro, “O sabor da água da chuva e outras memórias da amiga perfeita”, prémio Arnaldo França 2022. A obra posiciona-se como um hino à amizade e à memória, mas também aos caminhos de Cabo Verde São e Tomé”.

Júlia e Constância, as personagens deste romance, são duas melhores amigas que viviam no espaço rural de uma das ilhas de Cabo Verde. Porém, aos 13 anos, por causa da seca e da pobreza, a família de Constância é obrigada a emigrar para São Tomé e Príncipe, enquanto Júlia permanece em Cabo Verde.

Enquanto uma vive o trabalho duro nas roças de São Tomé, a outra, em Cabo Verde, é escolhida para tomar conta do pai e ajudar a mãe em casa, não prosseguindo os estudos.

Numa história ficcionada, baseada em cartas e relatos de vivências de várias pessoas, o livro retrata a história e o reencontro destas amigas de infância.

“Cinquenta anos depois, com o iminente regresso de Constância, Júlia passa em revista a vida desde que as amigas se separaram. Inicia-se uma viagem epistolar pelos acontecimentos que ocorreram nos dois arquipélagos e nas duas famílias. São os últimos dias do império, do colonialismo e de um regime exploratório, bem como as suas consequências no destino de cada um dos envolvidos” lê-se na sinopse do livro.

Contar a história das ilhas

A história contada nesta obra interpela partes importantes do percurso de Cabo Verde, como o autor já habituou os seus leitores em algumas das suas obras, e traz à tona histórias por contar destas ilhas, cidades e cutelos.

“Através das cartas está a história de São Tomé, está a história de Cabo Verde, das famílias, da emigração para São Tomé e Principe, tomada da independência, e por ai fora”, diz o autor, que lança ao mundo o seu quinto livro.

Prémio Arnaldo França 2022

Com este romance, Joaquim Arena foi o vencedor da edição de 2022 do Prémio Literário Arnaldo França, pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (Portugal), em parceria com a Imprensa Nacional de Cabo Verde.

Sem muitos romantismos, Arena diz que o prémio, de 5 mil euros mais a publicação do livro, dá-lhe jeito, mas também reconhece um trabalho solitário como é o de um escritor.

“Acho bem. Acho que tem que haver estímulos porque ninguém é profissional da escrita em Cabo Verde, as pessoas fazem outras coisas e se houver prémios que estimulem o aparecimento de autores enviem originais e que depois são apreciados e publicados, é bom”, reconhece.

O Prémio Literário Arnaldo França tem como propósito a promoção da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear o seu patrono, destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana.

A obra foi apresenta no Salão de Banquetes da Assembleia Nacional, na Cidade da Praia. A apresentação esteve a cargo da professora Fátima Fernandes, numa cerimónia presidida pelo Vice-primeiro Ministro, Olavo Correia.

Outro livro a caminho

Um autor em constante criação, além do jornalismo no A NAÇÃO e na Rádio Alfa, Joaquim Arena revela que já está “bem adiantado” no seu próximo livro, desta vez a contar uma história que decorre em Portugal, que acontece no século XIX e envolve, também, populações africanas que existiam nesse país nessa altura.

“A minha área é essa. Gosto de escrever envolvendo cabo-verdianos, africanos, mas que estejam também em outros sítios, em Portugal ou nos Estados Unidos como eu tenho feito”, diz.

Entre a literatura e o jornalismo

Joaquim Arena nasceu em 1964, na ilha de São Vicente, filho de pai português e mãe cabo-verdiana. É formado em Direito, em Lisboa, onde foi músico e jornalista. Em Cabo Verde foi conselheiro do presidente Jorge Carlos Fonseca, de 2017 a 2021.

“A Verdade de Chindo Luz” foi o seu primeiro romance, seguindo-se “Para Onde Voam as Tartarugas”, “Debaixo da Nossa Pele”, Menção Honrosa do Prémio Vasco Graça Moura/ Imprensa Nacional, 2016 (publicado na China, em 2022, e que sairá nos EUA em Novembro de 2023), um ensaio reportagem sobre a diáspora cabo-verdiana, para além de escravos e trabalhadores livres nos campos de arroz do Vale do Sado. Em 2022, publicou “Siríaco e Mister Charles”, romance histórico, semi- -finalista do Prémio Oceanos 2023, neste momento à espera da avaliação final, juntamente com o romance “A lua do Homem Grande”, de Mário Lúcio Sousa, e outros concorrentes do espaço da língua portuguesa.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 840, de 05 de Outubro de 2023

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