O Primeiro-ministro de Cabo Verde Ulisses Correia e Silva defendeu, durante o seu discurso na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, que o Governo quer transformar o país numa “Nação digital” e “diversificar a economia”, tendo como meta erradicar a pobreza extrema em 2026, no quadro dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS.
No seu discurso, Ulisses Correia e Silva começou por destacar que o tema do Debate Geral da AG da ONU deve “de facto” mobilizar as nações “em direção à paz, à prosperidade, ao progresso e à sustentabilidade para todos”.
Lembrando que o mundo tem vivido momentos intensos de crises, o chefe do Governo cabo-verdiano disse que “assistimos ao recrudescer do populismo e do extremismo e ataques à democracia e a sucessivos golpes de estado em países africanos”.
A guerra da Ucrânia foi também realçada. “Nestes tempos difíceis por causa da guerra na Ucrânia, Cabo Verde está do lado dos valores e dos princípios da liberdade e do respeito pela soberania e pela integridade territorial dos povos e dos países. Condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia em nome desses princípios e valores”, destacou.
Ulisses Correia e Silva proferiu ainda que nestes tempos difíceis por causa de instabilidade e sucessivos golpes de estado em países africanos, Cabo Verde está do lado dos princípios e valores da democracia liberal constitucional.
“Em nome desses princípios, condenamos o recurso a golpes de estado como forma de acesso ao poder”, afirmou.
Dois terços dos africanos preferem a democracia
Ainda com foco no continente africano, lembrou que uma pesquisa recente do Afrobarómetro mostra que dois terços dos africanos preferem a democracia a qualquer outra forma de governo. Mas apenas 38% manifestam satisfação com o modo como a democracia funciona nos seus países.
“Se por um lado, existe um descaso entre os cidadãos e o poder político quanto ao funcionamento da democracia, por outro lado, existe uma oportunidade. A preferência dos cidadãos pela democracia é oportunidade para mais e melhor democracia, boa governança, mais empoderamento dos cidadãos, combate à corrupção, transparência fiscal e financeira e políticas baseadas em resultados que de uma forma generalizada tocam a vida das pessoas, criam confiança e esperança”, defendeu.
Nesse contexto, argumentou que os “sistemas eleitorais e judiciais credíveis e confiáveis”, uma “liberdade de imprensa promotora do pluralismo” e “instituições fortes” são “fundamentais para a confiança dos atores políticos e dos cidadãos nas regras do jogo democrático”.
Assim, disse, se previnem crises graves e conflitos extremados e se reforça a democracia.
Cabo Verde comprometido
Nesse sentido, garantiu que “com espírito de colaboração e resolução”, Cabo Verde está “comprometido” em trabalhar ao lado de todos os Estados-Membros das Nações Unidas para abordar a insegurança na região oeste africana e no resto do mundo.
“Juntos, as nações unidas, podemos transformar este desafio em uma oportunidade para construir um mundo mais seguro, onde a paz, a estabilidade e a prosperidade sejam acessíveis a todos os povos”.
O chefe do Executivo cabo-verdiano afirmou ainda perante a plenária da ONU que Cabo Verde mantém firme o seu “compromisso” de atingir os ODS com políticas integradas. “Temos como objetivo erradicar a pobreza extrema em 2026. Não vamos deixar ninguém para trás na educação. Estamos a acelerar a transição energética. Estamos a investir para reduzir a dependência das fontes de água subterrâneas para a agricultura. Queremos transformar Cabo Verde numa Nação Digital e diversificar a economia”.
No final da sua intervenção, Ulisses Correia e Silva, garantiu que o país abraçou a Agenda 2030 das Nações Unidas como um “roteiro para o progresso”.
“O nosso Segundo Plano de Desenvolvimento Sustentável está orientado para esse compromisso. Reafirmamos o nosso firme empenho na materialização dos compromissos que acabamos de acordar na Cimeira sobre os ODS, vital para esta Década
de Ação”, concluiu.
A 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, sob gestão de Dennis Francis, arrancou no passado dia 19 em Nova Iorque e decorre até dia 26, com a participação dos chefes de Estado e de governo dos 193 Estados-membros da ONU.