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Economia

São Vicente: Emigrantes enfrentam dificuldades para levantar contentor

Um grupo de emigrantes cabo-verdianos em França enfrenta, desde Abril, dificuldades para levantar a carga transportada pela empresa MAERSK. Trata-se de um contentor com diversos bens e que corre risco de ser leiloado em praça pública. Uma alegada dívida do transitário congolês com aquela transportadora estará a travar o levantamento da carga em São Vicente.

São dezenas de emigrantes que desde de 8 de Abril estão a tentar levantar, em São Vicente, os pertences enviados através da MAERSK. Alguns trouxeram mobiliário completo, meios de transportes, entre outros bens, “frutos de trabalho de uma vida no estrangeiro”, e que correm risco de serem leiloados.

A não entrega da carga, segundo explicam os emigrantes, deve-se a uma alegada dívida do transitário congolês RDC Shipping com a MAERSK, e enquanto as dívidas não forem pagas os clientes, em Cabo Verde, não receberão os pertences.

Carga pode ser leiloada

Em desespero, esses clientes, inclusive, já procuraram a ENAPOR que, segundo dizem, disse não lhes poder resolver o problema, uma vez que é a MAERSK quem deve dirigir à empresa para liquidar as obrigações.

Diante dos problemas criados, ao que ficamos a saber, os pertences correm risco ir à praça pública, passados 45 dias da chegada do contentor em São Vicente. Esta é, obviamente, uma das preocupações dos cidadãos que têm as suas cargas
nessa situação.

Os visados dizem estar a sofrer um “enorme desgaste físico e emocional”, na tentativa de recuperar seus pertences.

“Os clientes não podem ser prejudicados em virtude de pendências ou conflitos existentes entre a MAERSK e o transitário. Se há dívidas, a transportadora deveria ter mais atenção e acautelar devidamente o seu recebimento
no momento de aceitar o frete do contentor para Cabo Verde”, entende Jovino dos Santos, um dos emigrantes em questão.

“Emigrantes abandonados”

Este embaraço já foi relatado em carta enviada ao ministro das Comunidades, Jorge Santos, na tentativa de facilitar a sua resolução, mas até a data os emigrantes não obtiveram nenhuma resposta deste ministério.

Como alegam, em Cabo Verde, apesar dos discursos, os emigrantes estão abandonados à própria sorte, já que, actualmente, não existe nenhum serviço de apoio ao emigrante de regresso ao país na resolução de problemas.

“Anteriormente nós tínhamos um serviço de apoio ao emigrante para facilitar estas questões, mas agora estamos abandonados e, pela contribuição que damos para o país, deveríamos ter mais atenção das instituições”, afirma Jovino dos Santos, conhecido cantor e músico, com vários discos gravados.

Sem outra solução em vista, este grupo de emigrantes promete recorrer a justiça para a recuperação das suas cargas,
com todo o constrangimento à mistura, nomeadamente de tempo perdido, desgaste e custos com advogados.

A NAÇÃO entrou em contato com a delegação da MAERSK, em São Vicente, que ficou de enviar uma resposta, mas até ao fecho desta edição não respondeu às nossas solicitações.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 826, de 28 de Junho de 2023

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