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Mensagem do Embaixador de Portugal por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Por: Paulo Lourenço*

Estamos juntos. Caminhamos juntos.

Celebramos a 10 de Junho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Não conheço outro país que celebre, juntamente com o seu dia Nacional, o seu poeta maior e as suas comunidades no exterior. Sempre vi neste facto a evidência do que fomos procurando ser, enquanto Nação e Estado, ao longo da História. Mais que território, a nossa geografia nacional é definida pela nossa cultura, pelos valores universais e humanistas que cada português carrega intimamente consigo. E certamente pela língua portuguesa que, fazendo-nos maiores no mundo pela comunidade a que pertencemos, não deixa de ser também a língua portuguesa de cada país que a adotou. 

Por isso comemoramos este Dia nacional tanto em casa quanto fora de portas.

Pouco depois de ter iniciado funções, referi numa mensagem como esta, que era difícil encontrar outro país que tivesse com Portugal o mesmo nível de proximidade e cumplicidade que Cabo Verde. Quando celebramos a data nacional do nosso país um pouco por todo o mundo, vale especialmente a pena por isso evocá-la aqui, em Cabo Verde.

Ouço muitas vezes que as ligações entre os dois países são históricas e profundas. E assim é. Somos parecidos em muitas coisas e, sobretudo, creio que nos entendemos bem. O caminho que fizemos juntos ao longo de séculos criou familiaridade e, sobretudo, algo mais forte: confiança. A confiança de saber que podemos contar uns com os outros. Mas temos cada vez mais de olhar para o futuro e para aquilo que nos está reservado fazer em conjunto num tempo que também é de mudança. 

Se a História e os laços que nos unem são determinantes – e são – devemos estar à altura deles. Se as relações políticas e institucionais são hoje únicas, temos de fazer chegar os dividendos deste ativo às pessoas, à cultura e à economia: através de mais investimento português em Cabo Verde, da oportunidade histórica que é a mobilidade na CPLP, da aposta no diálogo entre criadores e artistas dos dois países, do papel de charneira que os nossos dois países podem desempenhar na reimaginação da lusofonia. 

Somos todos chamados a transformar esta confiança e esta cumplicidade – sem paralelo – em ganhos para os dois povos. Acreditamos, de resto, que Cabo Verde reúne neste momento condições únicas para atrair a atenção e o investimento internacionais na transição climática, na economia azul, no digital, na diversificação turística, só para destacar algumas áreas de aposta. Portugal e os portugueses, que sempre aqui estiveram, devem saber interpretar e acompanhar este momento, dando o exemplo neste tempo de confiança renovada e de novas oportunidades. 

Estamos e estaremos sempre ao lado de Cabo Verde, nos momentos bons e nos difíceis. Creio que os cabo-verdianos sabem disso, porque nos conhecem como a si mesmos. Na saúde, na educação, na formação e capacitação, na erradicação da pobreza, no desenvolvimento sustentável. Continuaremos a investir no capital humano e na resiliência do arquipélago com os olhos postos na transição e modelo de desenvolvimento que se avizinha. 

Queria aproveitar também, por isso, este Dia de Portugal, o primeiro que aqui celebro, para prestar uma singela homenagem à Cooperação Portuguesa.

É impossível imaginar a relação entre os dois países sem a história da Cooperação Portuguesa. Está tão presente no quotidiano cabo-verdiano que por vezes quase não damos por ela. Mais do que os números – entre 2022 e 2026, a Cooperação Portuguesa oficial prevê a alocação de 95 Milhões de Euros para Cabo Verde – sou testemunha, ao longo destes primeiros meses em funções, da sua presença todo-terreno pelo arquipélago: uma presença extensa, cirúrgica, próxima das pessoas, confiante nas instituições e nos parceiros locais. Encontramo-la tão facilmente aqui em Santiago quanto nas ilhas mais isoladas, em praticamente todas as áreas, apostada no capital humano, na formação e na resiliência das pessoas. 

Só com capital humano e instituições fortes, poderá o arquipélago tirar todo o partido deste tempo de recuperação económica e de promessa que aqui vivemos. 

Convido por isso todos, portugueses, luso-cabo-verdianos, cabo-verdianos, num verdadeiro djunta mo !, a participar nos eventos e iniciativas alusivos ao dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Celebrar o dia de Portugal é também celebrar e acreditar nesta relação única e irrepetível.

Não estamos apenas juntos. Caminhamos juntos. 

*Embaixador de Portugal em Cabo Verde

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