O Presidente da República, José Maria Neves, defendeu que o bispo Dom Ildo Fortes “deu voz a quem não tem voz” ao criticar a “grandeza do problema” dos transportes marítimos inter-ilhas e espera que as suas palavras “surtamefeito”.
Para José Maria Neves, o bispo “tem toda a razão e deu voz a quem não tem voz”, uma vez que “é preciso que todos tomem consciência da grandeza do problema”.
O mais alto Magistrado da Nação salientou ainda que o país “só crescerá e só ganhará em termos de competitividade e de crescimento inclusivo de todas as ilhas, se, efectivamente, resolvermos os problemas dos transportes”.
JMN admitiu que, em termos da resolução do problema dos transportes, o país “já vai tarde”, e diz ainda que “quase 50 anos após a independência já é tempo de se resolver definitivamente essa questão”.
“As palavras de Dom Ildo Fortes foram uma pedrada no charco e espero que surtam efeito”
Em relação aos post publicado na última sexta-feira, 24, por Dom Ildo Fortes onde relatou os “sucessivos constrangimentos e dissabores” vivenciados numa viagem que realizou entre São Vicente e São Nicolau no dia 22 de Fevereiro, a bordo do navio Dona Tututa, JMN considerou que “as palavras de Dom Ildo Fortes foram uma pedrada no charco” e que espera que “surtam efeito”.
O bispo questionou a “tamanha falta de consideração e desrespeito pelos passageiros”, a falta de organização e afirmou ainda que “alguém devia ser responsabilizado por isto que, infelizmente, é frequente e atrasa Cabo Verde.”
A operar somente com dois navios
A concessionária dos transportes marítimos inter-ilhas, a Cabo Verde Interilhas, neste momento só tem dois navios a operar, Chiquinho BL, que faz a linha São Vicente/Santo Antão e Dona Tututa com as restantes linhas.
Uma situação também questionada no dia 18 de Fevereiro pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) que considerou que o Governo está a colocar a população cabo-verdiana em “situação de desespero” quando há barcos operacionais parados no Porto Grande do Mindelo.
Na sequência, a Direcção Nacional de Política do Mar reconheceu no domingo, em comunicado, que tem havido falhas nos serviços de transportes marítimos inter-ilhas alegando razões financeiras e de operacionalização, mas prometeu a implementação de um novo modelo operacional para os “próximos dias”.
C/ inforpress