Cuba está disponível para continuar a reforçar as relações de amizade e cooperação com Cabo Verde, garantiu a embaixadora Rosa Rill que terminou a sua missão de quatro anos no nosso país, na semana passada. Em jeito de balanço, essa diplomata aponta o contributo dos médicos do seu país na luta contra a covid-19 neste arquipélago. Mais do que nunca, o sector da saúde desponta como a prioridade da cooperação entre Praia e Havana.
Segundo Rosa Rill, a já tradicional cooperação médica existente entre Cuba e Cabo Verde, passou a abranger novas especialidades, nomeadamente anestesia, cirurgia estética, cirurgia
bucomaxilofacial, oncologia e epidemiologia.
Ainda a nível da cooperação médica, aquela embaixadora destacou a contribuição dada por uma brigada médica cubana que em Abril de 2020 deslocou-se a Cabo Verde para ajudar o país no combate à pandemia da covid-19.
“A presença de epidemiologistas cubanos, localizados em pontos-chave, como o Aeroporto Internacional Nelson Mandela e nas ilhas mais afectadas, exigindo o cumprimento rigoroso do protocolo aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi altamente reconhecida pelas autoridades governamentais e pela população do Cabo Verde”, realça Rosa Rill.
Prioridade ao sector da saúde
A embaixadora cubana sublinha que o sector da saúde, tanto no que diz respeito ao apoio médico, como no domínio da assistência técnica e formação de recursos humanos na área da saúde em geral, continua a ser uma prioridade da cooperação entre esse país das Caraíbas e Cabo Verde.
Neste particular, Rill defende que Cabo Verde pode aproveitar os avanços e potencialidades, nomeadamente a nível de equipamentos e medicamentos da biotecnologia cubana entre os quais destaca-se o Heperprot-P, medicamento único e inovador no tratamento e cura do pé diabético.
A embaixadora também destacou avanços do seu país no campo das vacinas que podem ser aproveitados por Cabo Verde.
“Cuba produz oito tipos de vacinas, das 11 que fazem parte do esquema de vacinação e que protegem as nossas crianças de 13 doenças, pelo que as vacinas seriam outra vertente de cooperação a ter em conta”.
Outras áreas de cooperação
Conforme avançou a diplomata cubana, os dois países já identificaram outras áreas de interesses de cooperação tais como a conservação e restauro do património, formação e especialização em medicina, bem como assistência técnica na agricultura e medicina veterinária.
Rosa Rill defende que Cuba e Cabo Verde devem explorar mais a cooperação Sul-Sul (entre países em desenvolvimento), tendo em conta os ganhos que esta cooperação representa para ambas partes. Nesse sentido, apontou a aposta na formação de recursos humanos em sectores importantes para a economia, como o turismo, agroindústria, educação artística, entre outros.
Por outro lado, a diplomata destaca o papel que Cuba pode desempenhar na promoção e defesa dos interesses comuns dos países do Sul tendo em conta que assumiu, desde 12 de Janeiro último, a presidência do G-77+China, um grupo de 134 países em desenvolvimento criado no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).
Relações fraternas e solidárias
Rosa Rill destacou que as relações entre Cuba e Cabo Verde continuam “fraternas e solidárias” e afirma ter recebido “todo o apoio do povo cabo-verdiano e das suas autoridades, que tão amavelmente nos acolheu durante quatro anos”.
“As relações entre Cuba e Cabo Verde continuam tão fraternas e solidárias como há 47 anos, fiéis ao legado das maiores referências dessa amizade: Fidel e Amílcar Cabral”, reiterou, aproveitando, igualmente, para agradecer a posição de Cabo Verde na votação contra o bloqueio económico, comercial e financeiro dos Estados Unidos que todos os anos é debatido na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), bem como o apoio em organismos internacionais.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 780, de 16 de Fevereiro de 2022