A falta de materiais para a confecção de carros alegóricos e dos trajes está a condicionar os preparativos no carnaval do Mindelo. Os responsáveis pelos grupos carnavalescos temem que este percalço condiciona o brilho no dia 21, terça-feira de Carnaval.
O director de Carnaval do Grupo Cruzeiros do Norte, Nuno Gonçalves, afirmou que a dificuldade na aquisição de materiais é transversal a todos os grupos. Isto porque, explicou, com a pandemia da covid-19 e a crise internacional, além da subida de preços dos produtos, houve um “ruído na informação que deixaram os proprietários das lojas chinesas com a percepção de que não haveria Carnaval em 2023” e, por isso, “não trouxeram os produtos”.
“Os grupos têm vindo a desenrascar-se com um pouco do material que restou do Carnaval 2020, mas o pouco que tinha já acabou”, revelou a mesma fonte, que disse que o grupo enviou duas pessoas para adquirir materiais em Dacar e nas lojas na cidade da Praia.
Mas colocam as expectativas na chegada de um carregamento, proveniente do Brasil, e transportado pela TAP, que já se encontra em Lisboa (Portugal) e que deverá chegar esta sexta-feira a São Vicente.
Correr atrás do tempo
Segundo Nuno Gonçalves, depois de receber esses materiais, o grupo Cruzeiros do Norte terá que “apertar a mão” nos trabalhos, nos estaleiros e nos ateliês de costura, para finalizar os trabalhos e não deixar que o problema afecte o desfile que pretendem apresentar.
O mesmo sugeriu, por isso, que depois do Carnaval se faça uma reunião da Liga dos Grupos Oficiais, os próprios grupos, o Governo e a Câmara Municipal de São Vicente, para repensarem outros mercados para aquisição de materiais, que poderão ser “mais baratos do que o Brasil”, tais como Portugal, China, Índia e Senegal e também para “definir prioridades e ver o timing de execuções que podem servir para o Carnaval 2024”, a começar pelos “estaleiros para que os grupos possam guardar e reciclar os materiais” numa lógica de sustentabilidade.
Flores do Mindelo em situação idêntica
Quem também tem passado pelas mesmas dificuldades é o grupo Flores do Mindelo que, segundo a presidente, Ana Ramos, não consegue encontrar os materiais de costume em São Vicente.
“As coisas estão muito caras, há muitos produtos que não estamos a encontrar aqui e estamos a improvisar e a tentar superar para ver como vamos para o terreno no dia do desfile. A maior parte dos grupos tem coisas ainda a chegar de fora, muitos deles são materiais para as roupas das figuras de destaque como porta-bandeiras, rainhas, e materiais para os andores”, avançou Anda Ramos, realçando que a chuva que caiu na noite de quarta-feira afectou materiais nos estaleiros e construção de alguns carros alegóricos.
Este problema é transversal aos outros grupos, conforme relatou os presidentes dos grupos carnavalescos Monte Sossego, António Duarte, e Estrela do Mar, Fernando Fonseca, este último que revelou que a falta de materiais está a deixar o grupo “esgotado”.
C/ Inforpress