A empresa contratada para administrar o serviço de solicitação de vistos de trabalho pela Embaixada de Portugal em Cabo Verde tem estado inacessível desde Dezembro último, reclamam os utentes, que não conseguem fazer agendamento há mais de um mês. Contatada pelo A NAÇÃO online, a mesma desvalorizou a situação e remeteu tudo para o site.
Trata-se da empresa VFS Global, sediada na Prainha, Cidade da Praia, e parceira da Embaixada de Portugal em Cabo Verde.
Segundo contou ao A Nação uma advogada que representa empresas portuguesas no agendamento de vistos para trabalhadores contratados em Cabo Verde, desde Dezembro do ano passado que o agendamento online não tem funcionado, embora sem qualquer comunicação ou explicação.
“Desde agosto de 2022 que a Embaixada de Portugal terceirizou o serviço de pedido de visto para a empresa VSF Global. O agendamento é feito exclusivamente online, mas primeiro é necessário fazer uma inscrição na página deles, para ter acesso e fazer o agendamento propriamente dito”, explica a nossa fonte.
Não se consegue fazer registo na página e não há apoio ou esclarecimentos
Só que, conforme diz, desde Dezembro as pessoas não têm estado a conseguir sequer fazer o registo na página.
“A partir do momento que colocas o teu e-mail, com um password e número de telefone, eles enviam um e-mail ao utente para activar a conta. Só que isso não tem estado a acontecer. Eles simplesmente têm o agendamento cancelado, sem nenhum tipo de aviso ou comunicação”, acusa.
Esta advogada, que representa duas empresas de Portugal, diz que já se dirigiu duas vezes ao centro para tentar obter um esclarecimento, mas sem sucesso.
“Sequer consigo passar da porta. Estão lá dois funcionários – um segurança e uma outra senhora do Guia de Serviços, que se limitam a me dizer que o agendamento é feito online. Já expus a situação, mas, mesmo assim, não consigo entrar, não consigo falar com ninguém”, refere.
Facilitar ou complicar?
Supostamente, analisa, esse serviço foi contratado para facilitar a submissão de pedidos e vistos online, mas, pelo contrário, o mesmo tem sido “dificultado”.
Esta celeuma foi confirmada por uma agência de viagens a operar na Cidade da Praia, que também presta serviço de agendamento aos seus clientes e que alega que não tem conseguido qualquer contacto com a VFS Global, nem por telefone, nem por email.
Agência impedida de prestar o serviço
Este jornal chegou à fala ainda com uma outra agência que opera no ramo de marcação e pedido de vistos desde 2007, que acusa a empresa de estar a impedi-la de prestar o serviço, após dezasseis anos, sob o pretexto de que deve ser o próprio requerente a fazê-lo.
“Não estão a aceitar marcação feita por agências. Entretanto, há pessoas que não são escolarizadas, e precisam recorrer a esse serviço para fazer a marcação do visto, mormente numa plataforma online”, explica a operadora.
Especulação?
Para esta fonte, esta recusa poderá estar ligada à especulação feita por algumas pessoas, que chegam a cobrar 19 mil escudos para agendar um visto, quando o serviço custa dois mil escudos na agência.
Mesmo assim, defende, a empresa deve dar, ao menos, uma explicação.
“É um serviço que supostamente veio para facilitar, mas era muito mais fácil fazer marcação na embaixada de Portugal”, critica.
As críticas se estendem, também, ao Centro Comum de Vistos que, segundo diz, tem estado a abrir pouquíssimas vagas para pedido de visto, funciona por curtos períodos durante o dia e às vezes abre à noite, quando ninguém mais trabalha.
4.400 escudos pelo serviço, além dos 9 mil dos visto
Para além da taxa de nove mil escudos para o pedido de visto, a VFS Global cobra ainda uma taxa de 4400 escudos pelo serviço, que, segundo notam as nossas fontes, não é devolvido, independentemente da resposta.
No seu site, a empresa dispõe de um tutorial explicando o processo de solicitação de vistos, mas também exorta os utentes a se dirigirem ao centro, na Prainha, em caso de dúvidas.
Quando não há vagas para agendamento disponível, avisa, “não há nada a fazer”.
“O que você pode e deve fazer é esperar e acessar o site sempre, fazer o mesmo procedimento para verificar se já há vagas disponíveis para marcação de visto de trabalho”, instrui.
Empresa desvaloriza situação e remete para o site
O A Nação tentou obter um esclarecimento junto da empresa, que respondeu ao nosso email informando, da mesma forma, “que o agendamento para pedidos de visto é feito online” e que “se não existe disponibilidade de vagas significa que as vagas existentes se encontram todas ocupadas”.
A disponibilização de vagas para o agendamento de pedidos de visto, explica, é feita conforme comunicação da Embaixada de Portugal em Cabo Verde.
A empresa argumenta ainda que recomenda uma consulta regular ao site https://visa.vfsglobal.com/cpv/pt/prt, uma vez que, como justifica, é através desse canal que se processam os agendamentos.