O presidente da Assembleia Nacional criticou, esta sexta-feira, 20, aquilo que considera ser uma “leitura enviesada” dos dados do estudo “Afrobarometer”, que colocou a Assembleia Nacional como a segunda instituição mais corrupta em Cabo Verde, segundo a percepção dos cabo-verdianos inquiridos.
Austelino Correia disse à imprensa que respeita o estudo e a Afrosondagem, instituição que lidera a equipa do Afrobarómetro em Cabo Verde, mas questiona o porquê da leitura dos dados pela negativa.
Segundo o estudo, a Polícia Nacional continua a liderar a lista das instituições apontadas por 25% dos cabo-verdianos como mais corruptas, seguida pela Assembleia Nacional (24%), pela Presidência da República e pelo primeiro-ministro.
“Este é um estudo natural, tranquilo. Nós devemos trabalhar com estudo. Só que este estudo teve uma leitura um pouco enviesada do meu ponto de vista. Veja que a instituição que está em primeiro lugar na percepção da corrupção é a Polícia Nacional, com 26%. Significa que 75% dos cabo-verdianos não acham que a Polícia é corrupta” argumentou.
Ângulo negativo
Igualmente, com a Assembleia Nacional, Autelino Correia deixa entender que foi escolhido um ângulo negativo para a leitura dos dados.
“A Assembleia está com 24%, no segundo lugar. Significa que 76% dos cabo-verdianos não têm a percepção que a Assembleia Nacional é corrupta”, disse, questionado porque é que, na divulgação dos dados, não se optou por dizer que 76% dos cabo-verdianos consideram que a Assembleia Nacional não é corrupta, ao invés de dizer que é segunda instituição mais corrupta.
“Nada de concreto”
Para além disso, acrescentou, o estudo fala de percepção da corrupção, não havendo nada de concreto e de objectivo, para de seguida questionar porque apenas se falou da polícia e da Assembleia Nacional e não se referiu às outras instituições, onde também houve aumento dessa percepção de corrupção.
“Enquanto Assembleia Nacional sabemos que somos a instituição mais escrutinada em Cabo Verde, esse escrutínio é muito bom porque de facto leva-nos reflectir mais, a ponderar mais e tentar cada vez melhor o nosso trabalho”, reconheceu, apontando, por outro lado, que a Assembleia Nacional, em termos de imagem junto dos cabo-verdianos, melhorou a sua percentagem passando dos 33 para 48%.
“Esta parte não se interessou em dizer. Portanto é preciso que tenhamos atenção na leitura dos dados para que possamos informar os cabo-verdianos de forma correcta. Portanto é preciso ler os números de forma muito coerente para evitar que informemos de forma errada”, afirmou
Austelino Correia adiantou ainda que a Assembleia Nacional já solicitou o estudo completo junto da Afrosondagem para analisar com mais profundidade todos os dados e apresentar uma posição oficial.
O estudo
Segundo os dados divulgados esta sexta-feira por José Semedo, director-geral da Afrosondagem, instituição que lidera a equipa da Afrobarometer em Cabo Verde, houve um aumento considerável da percepção da corrupção no país em todas as instituições inquiridas em relação a 2019.
A Polícia Nacional continua a liderar a lista das instituições apontadas por 25% dos cabo-verdianos como mais corruptas, seguida pela Assembleia Nacional (24%), pela Presidência da República e pelo primeiro-ministro.
De acordo com estudos, 20% da população considera que a maioria ou todos os integrantes destas instituições estão envolvidos em actos de corrupção, sendo que 47% dos inquiridos consideram que houve aumento de casos de corrupção.
O nono inquérito sobre a qualidade da democracia e governação em Cabo Verde, realizado conjuntamente pela Afrosondagem e Afrobarometer, recolheu os dados entre 22 de Julho e 05 de Agosto de 2022, envolvendo 1200 indivíduos adultos, com 18 anos e mais anos de idade.
A amostra é representativa a nível nacional e por meio de residência, contém uma margem de erro de aproximadamente 3% e um intervalo de confiança de 95%.
C/ Inforpress