A recente acumulação de água na barragem de Flamengos, sem que tenha chovido nos últimos três messes, tem sido alvo de admiração, estranheza, curiosidade e das mais diversas especulações. Esta Quinta-feira, a Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS) veio explicar que tal fenómeno deve-se à forte recarga dos lençóis subterrâneos de água, registada na sequência das chuvas e infiltrações ocorridas em 2022 nas zonas altas da bacia hidrográfica de Flamengos.
O presidente do conselho de administração ANAS, Cláudio dos Santos, deu esta explicação numa conferência de imprensa, concedida não só para apresentar esclarecimentos técnicos sobre a acumulação de água na albufeira da barragem de Flamengos, mas também sobre a gestão das barragens e a utilização da água.
“Trata-se de um fenómeno natural que ocorre em muitos sítios sempre que as condições hidrogeológicas permitirem a formação de correntes de água subterrânea, que podem fluir à superfície, dando lugar às nascentes”, disse, ressaltando que tal fenómeno depende de factores naturais.
Estraneza, admiração e especulações
No caso concreto, esclareceu, a percolação da água que levou cerca de três meses para subir, aconteceu após as chuvas que facultaram o ressurgimento ou reforço das nascentes.
Face a este fenómeno, Cláudio dos Santos ser compreensível a estranheza ou admiração das pessoas por ter ocorrido no período seco, apesar de não considerar espanto, visto que a Barragem de Flamengos (Calheta de São Miguel) se situa a jusante da nascente.
“Construída para reter grande quantidade de água das cheias no período de chuvas, o que, infelizmente, ainda não aconteceu desde a sua construção devido às secas, a barragem vem agora, no período seco, reter a água da nascente ressurgida, formando uma acumulação da água que, conforme medição feita pela ANAS, atingiu 4m de altura”, indicou.
Reforço de caudais
Cláudio dos Santos informou ainda sobre o reforço “importante” nos caudais dos poços e do furo FST-844 existentes na localidade, realçando ser “muito benéfico” para a prática da agricultura na localidade.
Tratando-se de uma situação recente e dinâmica, em que o caudal da nascente pode vir a diminuir ou desaparecer, a ANAS, segundo disse, em conjunto com a empresa AdR (Água de Rega), está a trabalhar na implementação de um sistema adequado de gestão de água, obedecendo aos princípios e regras instituídos.
Entretanto, alertou, caso houver evaporação, infiltração e até uso excessivo da água de Flamengo pode ser que a barragem venha a secar a “qualquer momento”.
c/ Inforpress