Por: Filinto Elisio
…Terra Estimada, como na morna de Jotamonte. No segundo semestre de 2022, haja paciência. Não são tempos fáceis. São-no de promessa de ‘nabiu na mar’, mas entrega de ‘lantxa nkadjadu’. Esta conjuntura autoriza a uma alternativa progressista e republicana? Será que a temos? Será que esta Morabeza (de ora uns, ora outros), por estes tempos reptilianos e sombrios, ainda mobiliza vontades? Prossiga, pois, de jangada assaz insensata, no apoucar a nossa Cidadania. Ao menos, uma interpretação de pão e palavra para a Constituição da República, que é nossa. Quanto à paciência (também nossa)…ela há momentos!
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Pau brasilis e seu desvario. Avalanche reacionária e sem precedente, agora atravessando o Rubicão das possibilidades. Urge revertê-la, por meios democráticos. Superar a sua histórica desigualdade social e a sua intolerância racial, acertando o passo com a Modernidade. A força bruta (miliciana) e o obscurantismo (evangélico), no vaivém nesse balouço do atraso. Lula lá! Lula já! No dia 30 de Outubro….
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Dizes, meu pássaro, que este solitário não é avaro ao amor, à compaixão e à solidariedade. O seu estar em desmedida, afago “de menino estragado” diante do espelho. Como é descortinar o outro (que em nós há)? Quem não viu esse ajuntar de mãos, mentes e corações no restaurar a esperança. Igualdade, liberdade, solidariedade (e fraternidade, quando não assaltada)…
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Atravessar o mar pelo lado do naufrágio, estender a mão amiga e gritar para dentro do silêncio. Rompantes de indignação? Por que não, se há sangue nas veias? Desembestar, roubando verbetes ao vernáculo e pelos sinais esconjurando a assombração. Agora, a sério, alinhamo-nos naqueles nossos versos de Drummond de os amantes serem “meninos estragados pelo mimo de amar…”
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Agora nós. Bastam-nos, por um instante, estes versos de Ana Cristina César:
(…)
Tarde aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
(…)
Entardece…no Funchal.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 789, de 13 de Outubro de 2022