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Cultura

Música: Manel di Candinho apresenta, hoje, na Praia, o seu novo álbum “Rainha das Ilhas” 

“Rainha das Ilhas” é o mais novo álbum do cantor, compositor, produtor e instrumentista cabo-verdiano, Manel di Candinho, a ser lançado na noite desta Sexta-feira, 30, no Auditório Nacional, na cidade da Praia. Esta nova obra musical é uma homenagem deste grande músico à Morna, “Rainha das Ilhas” e Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Em entrevista ao A NAÇÃO online, Manel di Candinho fez questão de destacar que este álbum é uma viagem por Cabo Verde, de Santo Antão à Brava, na companhia da Morna. 

“Rainha das Ilhas”, que é também uma homenagem aos compositores das ilhas, não traz temas inéditos, mas o autor garante que integra “grandes composições”.

Viagem pelas ilhas

“Rainha das Ilhas” traz 14 mornas distribuídas em 9 faixas. Da Ilha das Montanhas, Manel di Candinho traz “Santo Antão” de Pedro Barbosa e “Paul” de B.Leza.

“Estas duas músicas juntas, falam tão bem de Santo Antão que não podia deixar de contemplar”, conta o músico que de Santo Antão, desceu para São Vicente e interpretou temas de Manuel d´Novas e de Luís Lima em colaboração com Paulino Vieira.

Na ilha do Sal, Manel di Candinho confessa que é um grande admirador de Tututa Évora enquanto compositora pelo que não “poderia deixar de fora as suas mornas”.

“No meu disco anterior, há 20 anos, gravei um tema de Paulino Vieira e nesta homenagem às ilhas entendi que também deveria entrar uma música em homenagem à sua terra, São Nicolau”, adianta.

Da Boa Vista, “Rainha das Ilhas” traz um “galope” do compositor centenário Nha Vão, além de um outro tema do “Pai das Músicas Instrumentais em Cabo Verde”, Luís Rendall.

Seguem-se depois composições de Betu e Tibau, da ilha do Maio. Em Santiago “repescou” uma composição de Tei Barbosa (Santiago) e na ilha do Fogo, ninguém mais, ninguém menos do que Pedro Cardoso.

No berço de Eugénio Tavares

Tendo em conta esta “viagem na companhia da morna em homenagem aos compositores das ilhas”, Manel de Candinho diz que não poderia terminar em outro lugar, a não ser na ilha Brava, para contemplar o patrono da morna e da Cultura de Cabo Verde, Eugénio Tavares.

Sendo assim, o concerto desta Sexta-feira, 30, no Auditório Nacional, na cidade da Praia promete ser “único e acolhedor e uma demonstração de amor e carinho pelo povo das ilhas”.

Apresentação de “Rainha das Ilhas” noutras ilhas e além-fronteiras

Depois do espetáculo na Praia, nesta sexta-feira, 30, pelas 21h00, no Auditório Nacional Jorge Barbosa, na cidade da Praia, Manel di Candinho conta apresentar “Rainha das Ilhas” em São Vicente já em Janeiro próximo.

“A ideia é seguir depois, em 2023, com a  apresentação deste álbum em todas as ilhas, tendo em conta a sua essência. Em princípio, seguirei para São Vicente em Janeiro e, a partir dali, definir próximas paragens”, avançou, referindo que ainda em 2023 pretende internacionalizar “Rainha das Ilhas” com uma agenda para a sua apresentação além-fronteiras.

Manel di Candinho, discípulo de Ano Nobo

Compositor, produtor, cantor e instrumentista cabo-verdiano, Manuel dos Santos Pereira, mais conhecido por Manel di Candinho, nasceu em São Domingos, Interior de Santiago, na localidade de “Chaminé”.

Manel di Candinho é um dos discípulos assumidos do renomado músico, compositor e dramaturgo, Ano Nobo, tendo iniciado a sua carreira musical em 1978, num agrupamento animador de bailes populares do seu concelho.

Começou a escrever as suas primeiras composições ainda na juventude, versando a vida social da época e algum romantismo.

 Arranque oficial da carreira musical

Em 1982, Manel di Candinho viajou para Portugal, onde começou a sua vida  profissional na música. Nessa altura, a sua perícia e habilidades com a guitarra era já reconhecida, ao ponto de ser considerado um dos principais guitarristas da música cabo-verdiana. Com apenas três anos em Lisboa, já tocava nos principais espaços africanos da capital portuguesa.

“Tradição”, seu primeiro disco, e experiências na Holanda

Em 1983 gravou o seu primeiro disco instrumental intitulado “Tradição”, com composições próprias e do seu “maestro” Ano Nobo.

Em 1985 mudou-se para Roterdão, Holanda, cidade cosmopolita onde começou a interessar-se por estilos como jazz latino, afro-brasil, gipsy-jazz, rock suave, entre outros.

Ali também conheceu géneros como casseku, soca, reggae e integrou grupos de origem Suriname. Mas, a sua paixão pela música tradicional de Cabo Verde, mornas e coladeiras especialmente, continuou.

Após passar a década de 90 a produzir e fazer arranjos de discos de outros artistas, Manel di Candinho decidiu, em 2001, iniciar os seus estudos de piano na área de jazz latino.

“Alma & Som”

Em 2002 gravou o seu segundo disco instrumental intitulado “Alma & Som”, considerado um dos melhores trabalhos do género.

Do seu currículo constam ainda participações em diversos eventos musicais nacionais e internacionais como o Festival Baía Das Gatas (1992), Festival de Cinema Lusófono Cine-Port (2005), Expo Alemanha 2000 e o “Festival do Avante”, entre outros.

Palcos de world music e homenagens recebidas

Com várias digressões pelos principais palcos de world music do mundo, teve também a oportunidade de acompanhar artistas célebres e feito, igualmente, a coordenação artística de alguns trabalhos de destacados nomes da música cabo-verdiana como Cesária Évora, Bana, Celina Pereira, Ildo Lobo, Djosinha, Titinha, Jorge Sousa, Gardénia, entre muitos outros.

Pelo seu talento e contributo na música e cultura de Cabo Verde, Manel di Candinho mereceu oreconhecimento do Governo de Cabo Verde que o homenageou em Junho de 2005 e, mais recentemente, Outubro de 2017, com a Medalha de Mérito Cultural de 2º Grau.

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