PUB

Cultura

Cimboa elevada a Património Cultural Imaterial de Salvaguarda Urgente

Cimboa, o instrumento musical monocórdico mais antigo em Cabo Verde, foi elevado à categoria de Património Cultural Imaterial Nacional, através da Portaria número 50/2022 de 18 de outubro.

Segundo o comunicado do Governo de Cabo Verde, a elevação da Cimboa a Património Cultural Imaterial de Salvaguarda Urgente é um passo importante para a continuação da sua protecção e valorização.

“O Governo de Cabo Verde tem trabalhado no resgate e na recuperação do património cultural imaterial, conferindo uma nova centralidade, colocando-o, novamente, na convivência e no dia-dia dos cabo-verdianos”, realçou a mesma fonte, lembrando que o processo da sua elevação vem acontecendo com vários elementos da cultura ao qual a Cimboa também faz parte.

Um instrumento à beira da extinção

Na atualidade são poucos os tocadores e fabricantes de Cimboa. Entre os tocadores destaca-se Tomás Mendes Cabral, o mais antigo e Nhu Eugenio Mendi, de 83 anos de idade, que se interessou pela Cimboa e aprendeu a fazê-la com o já falecido Sr. Amâncio Borges, mais conhecido por Toi di Palu, da localidade vizinha, Mato Brasil.

Outro exímio tocador e fabricante é Domingos da Ressurreição Andrade da Silva Fernandes, conhecido por “Pascoal”, de 62 anos, ex-militar, natural de Serradinho, em São Domingos, que teve como mentor, já aos 46 anos de idade, o mestre Manu Mendi – Pedro Mendes Sanches Robalo – falecido em 2008. 

Artesão e músico, Pascoal é hoje uma referência como executante e fabricante deste instrumento ao qual tem introduzido inovações e melhorias no fabrico.

Outros percursores 

Arlindo Sanches, filho do antigo tocador Banda, Roque Sanches; Mário Lúcio Sousa e Gil Moreira são outros percursores que vêm mantendo viva a tradição da cimboa, instrumento que paulatinamente tem caído em desuso pela sua pouca utilização enquanto instrumento de solo.

Um processo que durou anos

Esta elevação é o culminar de um longo processo. Recorde-se que em 2011, visando a sua salvaguarda, o Instituto do Património Cultural promoveu o projeto “Preservação da memória da cimboa” nos três concelhos referidos onde havia tocadores e fabricantes ativos, tendo ainda podido contar com a mestria do mestre Banda – Roque Sanches, de Renque Purga, concelho de Santa Cruz, que viria a falecer pouco depois de Nho Eugénio.

Em 2022, através do financiamento do projeto “Cimboa – património para o desenvolvimento sustentável”, foi possível realizar o inventário deste bem, tendo-se chegado à conclusão da necessidade da sua salvaguarda urgente.

As medidas de salvaguarda urgente incluem ações de capacitação em confecção e execução musical agendados para o decorrer dos anos 2022/2023, além da criação do centro interpretativo da Cimboa, enquanto componentes do plano de salvaguarda urgente do bem.

Tiago Ribeiro

Estagiário

PUB

PUB

PUB

To Top