Cerca de 400 condutores estavam, esta manhã, no largo em frente ao Praia Shopping para se encontrar com uma delegação portuguesa que está a trabalhar no recrutamento destes profissionais.Alguns vieram de outras ilhas e outros de várias zonas da ilha de Santiago para tentar a sorte. Entre o risco de perder o emprego aqui e as despesas de deslocação, está o sonho de uma vida melhor para eles e para as suas famílias.
José Pires e três outros colegas vieram da ilha do Sal, propositadamente para o encontro, após terem conhecimento do anúncio através das redes sociais.
“Eu vi o anúncio e enviei um email para a representante. Ela me respondeu e me disse os documentos que deveria trazer. Vim tentar a minha sorte”, disse ao A Nação, o condutor de autocarros José Pires, que, assim como os três colegas, pagou uma passagem de avião da ilha do Sal para poder estar na Praia hoje, às 8h da manhã.
Munidos dos documentos solicitados, esperam conseguir uma vaga de trabalho lá fora, após um esforço financeiro considerável, com bilhetes de avião, para conseguirem estar presentes.
“Viemos de avião, paguei uma passagem de 12 mil escudos, estou até a correr o risco de perder o trabalho que tenho aqui. Não é fácil, mas é um esforço que fazemos para tentar a oportunidade de uma vida melhor”, disse um outro colega, que também veio do Sal.
Salário precário em Cabo Verde
São vários anos a trabalhar no ramo, dependendo de cada caso, mas, todos queixam-se do mesmo problema: o salário não permite uma vida melhor.
Da ilha de Santiago, Francisco Silva, condutor de uma empresa privada, veio do município de Santa Cruz, para, segundo disse, procurar melhores condições de vida.
“Trabalho como condutor há 20 anos. Tenho família aqui, mulher e filhos, mas o dinheiro não é muito, então estou disposto a sair para fora do país, à procura de condições melhores”, explicou.
Conhecer condições de trabalho
O encontro, que estava marcado para as 8h da manhã, foi depois adiado para as 14h, já que, segundo disseram os condutores, a delegação chegou a Cabo Verde de madrugada e estava a descansar primeiro.
Este será o primeiro contacto directo em Santiago com os recrutadores portugueses, para conhecerem as condições de trabalho que estão a ser oferecidas e entregar currículos.
Recorde-se que em São Vicente já foram recrutados 61 profissionais para conduzirem autocarros, na zona metropolitana de Lisboa, que carece de mão de obra.