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ONU exorta Governos a criar empregos de qualidade e proteção social

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, exortou os governos de todo o mundo a investirem rapidamente e de forma significativa na criação de empregos de qualidade e no alargamento da proteção social para aqueles que não têm cobertura.

Guterres falava numa sessão de alto nível para discutir a iniciativa Aceleração Global de Empregos e Proteção Social para Transições Justas, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, recentemente concluída.

Disse aos líderes para se concentrarem em soluções concretas para implementar a iniciativa e advertiu que “o caminho da inação leva ao colapso económico e à catástrofe climática, alargando as desigualdades e aumentando a agitação social. Isto pode deixar milhares de milhões de pessoas presas em ciclos viciosos de pobreza e miséria”.

A iniciativa, lançada no ano passado, reúne governos, instituições financeiras internacionais, sociedades civis, a ONU e o setor privado, para criar 400 milhões de novos e decentes empregos, especialmente nas economias verdes, de cuidados e digitais, e alargar a proteção social a mais de 4 mil milhões de pessoas atualmente sem cobertura.

A sessão foi também dirigida por vários líderes de todo o mundo, incluindo o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, kinwumi Adesina, o presidente do Maláui, Lazarus Chakwera, a vice-presidente do Uganda, Jessica Alupo e o ministro do Planeamento e Desenvolvimento Económico do Egito, Hala El-Said.

Guterres elogia Togo e África do Sul

O Secretário-Geral da ONU elogiou o Togo por proteger milhares dos seus cidadãos durante a pandemia de Covid-19, ao ter implantado “soluções digitais inovadoras para alargar a proteção social a populações de difícil acesso”.

Por seu turno, a África do Sul foi elogiada pelo lançamento da parceria Transição Energética Justa, sinalizando um passo importante na luta contra as alterações climáticas.

BAD comprometido

Na sua apresentação, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, apoiou a iniciativa e falou sobre a resposta rápida do banco ao impacto da pandemia de Covid-19, através do lançamento de um mecanismo de 10 mil milhões de dólares que ajudou a fornecer proteção social a mais de 28 milhões de pessoas.

Em comunicado de imprensa, o BAD lembra ainda que lançou, em 2020, um título de dívida social de 3 mil milhões de dólares nos mercados globais de capitais, que na altura foi o mais elevado da história mundial.

“Mas isso não é suficiente”, reconheceu Adesina, sublinhando a necessidade de reestruturar as economias para sermos produtivos na educação, infraestruturas e energia, para garantir que temos setores produtivos que possam utilizar as competências das pessoas e absorver isso na economia”.

“No Banco Africano de Desenvolvimento adotamos uma abordagem proativa de empregos, empregos, empregos”, disse Adesina, exemplificando com o programa do Banco ‘Emprego para a Juventude Africana’, lançado para criar 25 milhões de empregos até 2025.

Sectores chave

Para gerar mais empregos, Adesina citou sectores como a agricultura, onde o banco está a investir 25 mil milhões de dólares na melhoria de zonas rurais e na transformação do sector num negócio.

No sector da energia, deu o exemplo da região do Sahel, onde, segundo disse, estão a investir 20 mil milhões de dólares para construir 10.000 MW de eletricidade, que irá fornecer energia para utilização produtiva e criar milhões de empregos.

A indústria criativa, especialmente a indústria cinematográfica da Nigéria, popularmente conhecida como Nollywood, é outra área que considera requerer investimento significativo, dado o seu potencial para gerar 20 mil milhões de dólares de receitas e criar vinte milhões de postos de trabalho, disse Adesina.

Comprometimento 

A ONU espera que cada governo se comprometa com a iniciativa da Aceleração Global e os seus objetivos, através de iniciativas como o desenvolvimento de políticas nacionais e estratégias integradas para transições justas.

O Presidente do Maláui, Lazarus Chakwera, disse que dadas as restrições financeiras que o seu país enfrentava, a implementação da iniciativa exigiria o apoio de parceiros, doadores, instituições financeiras internacionais, e apoio político do sistema da ONU.

Ele disse que devido à sobreposição das crises da pandemia de Covid-19, das alterações climáticas e da guerra na Europa de Leste, o Maláui fica “a braços com a degradação das nossas notações de crédito soberano, levando a um endividamento mais caro e à intensificação dos riscos da dívida”.

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