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Santiago

“Os jovens têm a missão histórica de dar uma vida digna a todos os africanos” – Graça Machel

A activista social e política moçambicana, Graça Machel, afirmou este sábado, 10, no ex-campo de concentração do Tarrafal  (Santiago), que a juventude africana tem a missão histórica de valorizar os recursos para que possam produzir riqueza e o bem-estar para todos os africanos.

Graça Machel, vencedora do prémio Norte-Sul e da Medalha Nansen da ONU, lançou este repto em declarações à imprensa, após participar enquanto “convidada especial” do “Prime Minister Speaker Series” (série de conversas com o primeiro-ministro), promovido, anualmente, pelo chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva.

O evento, que teve como palco o Museu da Resistência, no ex-campo de concentração do Tarrafal (ilha de Santiago), centrou-se em temas como a educação, a igualdade de género, o desenvolvimento e a luta contra a pobreza.

“Este país [Cabo Verde] e o continente [África] é vosso e são vocês que vão determinar onde os africanos querem estar e como os africanos devem ser”, declarou Machel, notando que o continente africano tem “riquezas” que outros não têm, tomando como exemplo a questão da identidade, da consciência do que vale e do saber/conhecimento.

Relativamente à questão do saber/conhecimento, observou que África tem conhecimentos que outros não têm e que, segundo ela, devem ser valorizados e ofertados.

“E num mundo em que se fala de trocas, nós temos muito mais para oferecer ao mundo inteiro do que qualquer continente. Então têm de saber como é que negociamos isto, o que nós ofertamos, mas como nós queremos valorizar os nossos próprios recursos, como queremos desenvolver para que eles produzam a riqueza e o bem-estar de todos (…)”, concretizou.

“Todos nós temos direito a uma vida com dignidade e isto nós podemos fazer e os jovens têm essa missão histórica”, considerou, defendendo que os países africanos têm de assumir a sua própria identidade como agentes da sua trajectória e da sua forma de se assumirem no contexto das Nações.

“Por causa da nossa história colonial habituamo-nos a que sejam os outros a dizer quem nós somos. O que estou a dizer é que nós temos que mudar esse posicionamento, temos que ser nós a dizer quem somos, nós africanos e o que nós temos a ofertar ao resto da família humana, (…)”, sublinhou.

Durante a sua estada em Cabo Verde, Graça Machel tem agendado um conjunto de visitas a entidades do país e algumas instituições-referência, com destaque para o encontro com o Presidente da República, José Maria Neves, e visitas à Fundação Amílcar Cabral e ao Instituto Pedro Pires (IPP).

C/ Inforpress

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