Paulino Vieira, grande figura da cultura e da música de Cabo Verde, vai estar de volta aos palcos em 2023, anunciou esta quarta-feira,7, a plataforma Ao Sul do Mundo.
O concerto marcado para o dia 20 de Fevereiro acontece no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, enquadrado nas celebrações dos 10 anos do Sul do Mundo, cooperativa que junta profissionais da área da produção e da programação artística.
“Em Fevereiro próximo, numa das mais importantes salas do país, Paulino Vieira terá a oportunidade de ajudar a celebrar estes 10 anos de intensa actividade da Ao Sul do Mundo, mas sobretudo de percorrer – rodeado por uma banda que está a ser preparada com todo o cuidado – uma brilhante carreira que permanece mais viva do que nunca, desfilando clássico atrás de clássico com a sua inimitável classe” escreveram no comunicado que anunciou o concerto do músico multi-instrumentista, compositor, arranjador, produtor e poeta cabo-verdiano longe do palco, há largos anos.
Os bilhetes para o concerto, segundo a organização, estarão disponíveis a partir das 15 horas desta quarta-feira, 7, apesar do evento ser só daqui a seis meses (Fevereiro de 2023).
Paulino Vieira, o génio da música e cultura de Cabo Verde
Nascido Paulino Jesus Santos Vieira em 31 de Agosto de 1955, na vila de Praia Branca, na ilha de São Nicolau, Cabo Verde, numa família de músicos, Paulino aprendeu ainda na infância a tocar viola, cavaquinho e violino, acompanhando o pai, Matias dos Santos Vieira, em festas e serenatas.
Aos 9 anos, mudou-se para São Vicente, onde estudou no Colégio dos Salesianos, aí recebendo formação musical e aprendendo a tocar clarinete, flauta, órgão e outros instrumentos.
Tocando versões de êxitos pop anglo-saxónica
Depois de acompanhar veteranos como Ti Goy, Frank Cavaquim ou Chico Serra, integrou, ainda como jovem músico (entre os 16 e os 18 anos) o conjunto The Kings, que tocava versões de êxitos da música pop anglo-saxónica da época.
Foi a convite do célebre clarinetista e compositor Luís Morais (1935-2002) que se mudou para Lisboa, em 1973, onde veio a integrar a nova formação do grupo Voz de Cabo Verde, ao lado de Bana e o próprio Luís Morais.
Como compositor
E foi a partir dessa data, e do Monte Cara, o “primeiro espaço” da cultura cabo-verdiana em Lisboa, que Paulino se foi evidenciando como compositor, arranjador e director musical de inúmeros projectos discográficos.
Entre os músicos e cantores com quem trabalhou, estiveram inúmeros cabo-verdianos (Bana, Celina Pereira, Césaria Évora, Chico Serra, Dany Silva, Leonel Almeida, Lura, Maria Alice, Otis, Sara Tavares, Titina, Tito Paris, Vaiss ou Zezé Di Nha Reinalda) mas também portugueses, participando, como músico, em registos dos Heróis do Mar ou de António Variações.
Na companhia da Cesária
A par do papel de relevo que teve no grupo que acompanhou Cesária Évora pelos palcos do mundo, bem como em vários discos por ela gravados (com destaque para o celebrado Miss Perfumado), Paulino Vieira também gravou a solo, destacando-se nessa sua produção os álbuns M’Cria Ser Poeta (1984) e Nha Primero Lar (1996).
Durante a Expo’98, em Lisboa, participou no grande concerto que ali deu Caetano Veloso, no palco Sony.
C/Publico