A partir de 19 de Setembro, as crianças do infantário e do primeiro ao quarto anos de escolaridade de Chã das Caldeiras, Fogo, vão regressar às aulas já no novo complexo educativo. Isto, quase nove anos depois das lavas terem “engolido” a escola de ensino básico que existia na localidade.
O complexo foi construído pelo Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura do Mindelo (M_EIA) no povoado de Bangaeira, no quadro do projecto “construção sustentável e arquitectura”.
O mesmo foi projectado com possibilidade de ampliação, em função das necessidades de crescimento da escola. “É um projecto para albergar as crianças do jardim-de-infância, que ocupa o espaço há dois anos, e, a partir deste ano lectivo, as crianças do Ensino Básico Obrigatório (EBO)”, explicou o responsável do M_EIA, Leão Lopes, à Inforpress.
Valências
Conforme o mesmo, arquitetonicamente o complexo foi pensado para durante o dia funcionar com os equipamentos que permitam aos professores passarem o dia inteiro no edifício que dispõe de cantina, sala de professores, zona de duche para crianças, espaços para oficinas com ferramentas e recursos para educação física e espaço exterior protegido e com boa dimensão para desenvolver aulas exteriores. “A nossa expectativa, e como pedagogo que somos, é que as crianças façam o programa de aprendizagem o mais aberto possível e não fechadas nas salas”, disse Leão Lopes. O complexo não foi projectado como salas, mas como “edifício” que depois será organizado consoante as necessidades, tendo sido reservado um lote para mais edifícios.
Experiência inovadora “A sua concepção não é salas com divisórias estanques, mas são espaços que podem reduzir ou ampliar com parede removível, é uma experiência inovadora e que esperamos que resulte”.
Essa fonte explica que se este sistema “resultou” em outros lugares “também pode resultar em Cabo Verde”, bastando que os professores tenham interesse na sua utilização de forma diferente. Todas as soluções construtivas foram pensadas, criadas e executadas em Chã das Caldeiras, desde a produção dos blocos, passando pela serralharia e até os primeiros mobiliários para o equipamento do jardim-de-infância foram feitos em Chã das Caldeiras, tendo o projecto sido premiado a nível internacional.
Sustentável O complexo tem um sistema de recolha de águas pluviais que não é visível porque é todo subterrâneo e com filtro subterrâneo e as águas residuais também têm filtros e são recicladas para rega. “Os professores podem utilizar todos esses elementos como didácticos de aprendizagem. Serão colocados placar informativos com todas as tecnologias de construção para crianças e professores”, realçou. Chã das Caldeiras costuma registar nos meses de Dezembro a Fevereiro temperaturas muito baixas, às vezes abaixo do zero, razão pela qual as soluções construtivas tiveram em conta este cenário. “É uma grande aprendizagem, temos aqui construções que sofrem distinções térmicas, porque já tínhamos feito ensaios em zonas mais ou tão agressivas como Chã das Caldeiras, que é o Planalto Norte, em Santo Antão”, argumentou, indicando que algumas soluções conseguidas em Santo Antão foram consolidadas e aplicadas em Chã das Caldeiras.
C/Inforpress