O presidente da câmara de São Vicente afirmou hoje que a autarquia “não tem nada a ver” com as buscas realizadas pela Polícia Judiciária na quarta-feira, 24, nas suas instalações. Augusto Neves classificou o acto de “espetáculo”.
Segundo Augusto Neves, que falava em conferência de imprensa, trata-se de um conflito entre dois cidadãos do município, “muito conhecidos na praça pública”, que se desentenderam há já algum tempo em questões relacionadas com a compra e venda de terrenos.
“Acho que deveriam ter anunciado os respectivos nomes dos envolvidos, porque a maioria dos munícipes têm processos de terreno e casa inscritos não só na câmara, como também na Conservatória dos Registo, no Cartório e outras instituições”, reforçou o autarca, que disse não entender o “real motivo e sentido desse espectáculo montado na câmara”, que “dificultou” o trabalho dos funcionários, cancelou audiências, inclusive a emigrantes, e outros expedientes.
“Alvorço” por “seis folhinhas de papel”
“Todo esse alvoroço feito para levarem seis folhinhas de papel A4, ou seja certidão matricial, escritura e pagamento do terreno, que, diga-se de passagem, alguns deles já tinham sido enviados às instituições”, referiu a mesma fonte, que desmentiu que a Polícia Judiciária tivesse levado equipamento informático da autarquia.
“Tudo isso é pura mentira e especulação”, reforçou Neves que, neste âmbito, disse ser “obrigado a pensar que existem motivações políticas” por detrás do acto.
“Fizeram isto porque a câmara é a melhor sala de espectáculo da ilha, embora existam outras (…) e para maior audiência nada como o palco da câmara municipal, onde estão os políticos alvos muitas vezes de difamação, insulto e desrespeito”, concretizou Augusto Neves, que pediu respeito para com a câmara, “instituição eleita pelo povo e pessoa de bem”, que “merece o respeito de todos e principalmente das instituições do Estado”.
Por isso, pediu às instituições, sem referir nomes, que esclareçam o assunto “cabalmente” porque a câmara que dirige “continuará a trabalhar para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes”.
Operação da PJ
Recorde-se que na quarta-feira, 24, a Polícia Judiciária emitiu um comunicado, na sequência de investigações de um processo-crime por burla qualificada, relacionado com a compra e venda de terrenos e em que cumpriu seis mandados de busca, revista e apreensão, na câmara de São Vicente, a uma empresa imobiliária e a duas residências particulares.
“A Polícia Judiciária informa neste sentido que das buscas resultaram na apreensão de vários documentos, equipamentos informáticos, contratos, plantas de localização, procurações, certidões de registo predial, certidões e escrituras da Câmara Municipal de São Vicente, entre outros documentos”, informou a polícia científica no seu comunicado.
C/Inforpress