A Ordem dos Médicos Cabo-verdianos defendeu, esta terça-feira, 9, que o país deve criar, o quanto antes, um serviço de emergência pré-hospitalar eficaz, para que os cuidados adequados em situação de urgência ou emergência sejam universais e equitativos. O alerta é dado na sequência da morte do adolescente Djonny, evacuado da ilha Brava em condições precárias, no passado 1 de Agosto.
Em um comunicado, assinado pelo Bastonário Danielson Veiga e divulgado esta terça-feira, 9, a ordem lamentou o ocorrido na ilha Brava, situação que, segundo disse, obriga a uma reflexão profunda e consequente sobre os recursos disponíveis em Cabo Verde para fazer face a situações graves e urgentes.
Tal reflexão, alertou, deve ser feita, não somente sobre a conduta dos profissionais de saúde, mas, também, sobre a resposta que é programada a nível institucional e sobre os meios disponibilizados.
“As decisões de saúde devem ser pautadas pelas necessidades específicas de Cabo Verde, tendo em consideração os recursos humanos, financeiros e as características geográficas, incluindo as demográficas”, alertou.
Equipas de emergências
Neste sentido, defende que é imperativa a implementação de equipas de emergência médica pré-hospitalar (criação de equipas de transporte de doentes críticos), enquanto factor crucial para doentes com necessidade de tratamento urgente e intervenção rápida.
“É uma necessidade urgente do país e a sua criação é de todo necessária, para que os cuidados adequados sejam universais e equitativos”, sublinhou, acrescentando que a falta desta mobilidade de assistência médica reflete inevitavelmente nos resultados, com consequências negativas, erradamente interpretadas, por vezes, como a falha na assistência médica.
Identificação de todas as falhas
Quanto ao caso do adolescente Djony, diz almejar que sejam identificadas todas as falhas ocorridas no processo, e não apenas no inquérito à conduta médica, e que sejam rapidamente planeadas intervenções que permitam dar resposta às necessidades e restabelecer a confiança na prática médica.
“Infelizmente, nas situações graves e delicadas, como a que se sucedeu, nenhum erro é admissível, seja ele conjuntural ou estrutural. Deve haver os mesmos recursos e meios para que os profissionais possam fazer a diferença, independentemente do local onde o doente está”, reiterou.
De recordar que esta não é a primeira vez que a referida ordem se pronuncia sobre a necessidade de ter equipas de assistência pré-hospitalar, de modo a que os doentes graves tenham os cuidados necessários ainda no processo de transporte para os serviços hospitalares.