A Associação de Apoio às Iniciativas de Auto Promoção (SOLMI) tem em curso um programa de inclusão social de crianças e jovens com deficiências neurológicas. Ao todo são 440 contemplados.
Cerca de 440 crianças e jovens, com deficiências neurológicas, estão a ser atendidas e apoiadas no quadro de um projecto que a SOLMI está a desenvolver, com o apoio financeiro de várias entidades nacionais e estrangeiras.
A ideia, segundo a coordenadora desta iniciativa, a socióloga Jéssica Fonseca, é “promover boas práticas ao abordar as deficiências neurológicas de forma integrada, instigar a redução do preconceito e do estigma associado e assim ter uma maior coerência das políticas públicas e do trabalho em rede das diferentes entidades”.
Jéssica Fonseca, que é também secretária executiva daquela ONG (Organização Não-Governamental), com sede em Ponta d’Água (na Praia), revela que esta acção começou em Setembro de 2020 e pretende-se com isso sensibilizar e educar as famílias, bem como as comunidades de que essas crianças e jovens fazem parte.
“A nossa ideia é reduzir os preconceitos, estigmas e distanciamento social, e elucidar sobre as soluções, comportamentos e mecanismos que podem ser criados para uma verdadeira inclusão”, diz Fonseca.
Resultados
Chegado ao vigésimo segundo mês do andamento do projecto, revela a nossa entrevistada, já é possível visualizar alguns resultados alcançados com esta iniciativa coordenada pela SOLMI e apoiada pelos parceiros.
“Já verificamos que as pessoas estão mais informadas e sensibilizadas em relação às doenças neurológicas, graças à nossa campanha ‘Tudu Fidju di Cabo Verde’ e também fizemos quatro apoios a terceiros, concedidos às associações, como Acarinhar (Associação das Famílias e dos Amigos das Crianças com Paralisia Cerebral), Colmeia (Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais), Diferentes but not Indiferentes e Down do Amor, onde conseguiram reforçar as suas actividades”, assegura Jéssica Fonseca.
Não obstante, enquadrado no projecto realização, acções de sensibilização têm sido feitas junto das direcções de escolas do ensino primário, “em especial com os subdirectores responsáveis pelas áreas sociais”.
Além das 440 crianças e jovens com deficiências neurológicas e suas famílias que se beneficiam deste projecto, foi possível, segundo Jéssica Fonseca, proporcionar uma formação complementar em fisioterapia.
“Enviamos 17 fisioterapeutas para uma formação complementar em fisioterapia e neste momento estão a realizar um estágio no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, em Lisboa. Uma formação baseada no reforço das competências técnicas e científicas de profissionais das instituições que intervêm na área da fisioterapia, junto de pessoas, crianças e jovens, com incapacidade neurológica”, revela a nossa entrevistada, na perspectiva de que esta formação será mais uma valia para o desenvolvimento do projecto.
Para o futuro do “projecto”, e sempre com a ajuda dos seus financiadores, segundo aquela responsável da SOLMI, pretende-se uma maior coordenação e coerência das políticas públicas contribuam para um melhor encaminhamento das crianças para os cuidados e apoios que necessitam.
Por: Tiana Silva
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 777, de 21 de Julho de 2022