Miguel Lopes Montrond, de 27 anos, é um jovem de Chã das Caldeiras no Fogo que quer implementar uma infra-estrutura com capacidade para transformar mais de 800 toneladas de frutas anuais e assim dar uma “nova vida” aos produtos locais, gerando emprego e mais valias na região.
Licenciado em Engenharia Agrónoma e Socioambiental pela Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), Miguel Montrond é mestrando inter-universidades em viticultura, enologia e mercados do vinho nas universidades destacadas na área de vitivinicultura como Udine, Conegliano, Verona e Bolzana, todas em Itália.
Conforme avançou à Inforpress, com a infra-estrutura, uma unidade/cooperativa, este pequeno produtor de frutas, quer apostar na transformação e produzir vinhos diversos, espumantes, sucos de uvas, doces, frutas secas e outros sucos, de entre vários outros produtos que poderão dar “uma nova vida” aos produtos da ilha do Fogo, em particular a Chã das Caldeiras.
Oportunidades para ajudar as famílias
O projecto é “ambicioso”, reconhece, mas representa o futuro de uma ilha com “tantas oportunidades”, e que com certeza iria “ajudar centenas de famílias a melhorar a condição de vida”.
A área abrangente é de cerca de 600 metros quadrados, com uma cave subterrânea onde serão armazenados os barris e será feito o engarrafamento e rotulagem.
No primeiro andar haverá espaço para todo o processo de moagem de uvas e por gravidade o vinho e suco de uva e sumos de outras frutas irão ao rés-do-chão sem utilização de energia e uma sala de degustação dos produtos e um restaurante.
Energias renováveis
O projecto, garante, é “muito sustentável” e funcionará com energias renováveis.
Pelos cálculos iniciais, o projecto representará um investimento na ordem dos 800 mil euros, perto de 90 mil contos, observando que a capacidade da adega/cooperativa de transformação agroalimentar é “muito grande” e foi projectada a longo prazo.
“Há uma grande fixação de plantas fruteiras em toda a Bordeira da ilha do Fogo e em outras partes e a sua transformação é de grande importância”, garante.
A unidade terá uma capacidade de produzir entre 80 a 100 mil garrafas de vinhos (espumantes, passitos e vinhos normais) e 20 a 30 mil litros de sucos de diversas frutas e ainda mais de uma tonelada de mix de frutas secas.
Projecto comunitário
Este reconheceu que sozinho não pode tornar o projecto uma realidade e por isso sublinhou que se trata de um “projecto comunitário”, e “todos em que cada um é chamado a dar o seu melhor”, adiantando que as autoridades locais e nacionais são convidadas a fazer parte do projecto, assim como de pessoas ou instituições privadas.
O jovem diz que já falou com algumas pessoas e que como está no final do curso tem pouco tempo, que é dividido entre trabalhar e estudar, mas prometeu que, assim que concluir o projecto, e o mestrado, irá intensificar os trabalhos na mobilização de recursos financeiros para a implementação do mesmo, quer junto de instituições nacionais como internacionais, nomeadamente em Itália.
“A primeira ideia é socializá-lo como um projecto social”, avança, que se houver parcerias será transformado num projecto “em que todos podem participar”. Contudo, senão houver parcerias entre as outras associações ou pessoas privadas, irá implementá-lo sozinho, mesmo que dure mais tempo.
Exportar
A ideia, diz, é exportar mais de metade dos produtos para a comunidade emigrada nos Estados Unidos da América (Boston e Brockton), Europa e Região Subsaariana de África.
Para isso, o projecto pretende preparar mais jovens na área de transformação para poder responder às demandas futuras.
Com o volume de investimentos na plantação de fruteiras, Miguel Montrond prognostica que dentro de cinco anos haverá mais frutas disponíveis e sua transformação de “extrema importância”, observando que basta ir até Montinho para ver a quantidade de frutas em desenvolvimento.
Miguel Montrond estuda na região norte de Itália onde o cooperativismo/associativismo funciona “muito bem”, salientou, com “exemplos de um bom funcionamento, principalmente no que toca a área vitivinícolas”, mas o seu foco principal seria dar prioridades aos jovens viticultores da ilha e às mulheres.
C/Inforpress