O presidente da Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde (APESC) disse, esta segunda-feira, que a classe sente-se enganada com o mais recente aumento do preço do gasóleo marítimo e que a solução é parar as embarcações.
A decisão saiu de uma assembleia realizada na tarde desta segunda-feira, 04, no Mindelo. Na sexta-feira, 7, a organização deve reunir-se, dezta feita, com o Governo, de quem espera uma solução.
“Nestas condições não vamos conseguir sobreviver e a proposta que vamos fazer aos demais operadores e armadores é parar as embarcações e sentar à mesa com o Governo para nos dar uma solução”, avançou o presidente da APESC, João e Deus Lima.
Lima estranha, por outro lado, as contas que resultaram no aumento porque, lembrou, o primeiro-ministro levou um diploma ao parlamento, na sua última sessão, que foi aprovado, com redução em 20% da taxa de imposto de consumo, que passou para seis escudos/litro.
“Como é possível, uma semana depois, a agência reguladora consegue aprovar preços para o gasóleo marítimo com aumento de 37,2%”, questionou a mesma fonte, quando, prosseguiu, o sector encontra-se “em situação de falência” e “nenhum armador” vai conseguir colocar os navios no mar para pescar.
Complexo de pesca do Sal continua de portas fechadas
Isto tudo, indicou, sem contar com a questão do complexo de pesca da ilha do Sal, “que nunca abriu”, e ninguém responde aos armadores o porquê de aquela unidade continuar encerrada.
Explicou que a maior parte da captura da espécie melva ocorre na região da ilha do Sal e que o complexo de pesca ali existente integra o acordo da convenção de estabelecimento do Governo com a conserveira Frescomar.
“Se esse complexo estivesse a funcionar, os armadores poderiam aguentar um pouco mais (…), por isso alguém deve explicar-nos se de facto existe uma política para apoiar o sector ou não”, concretizou João de Deus Lima.
Fundo de combustível
Abordado sobre o posicionamente da Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde, o ministro do Mar, Abraão Vicente, reconheceu que, apesar das medidas tomadas pelo Governo, “não foi possível impedir” esse aumento do preço do gasóleo marítimo, que o próprio classifica de “brutal”.
“Estamos a desenhar um conjunto de medidas, entre elas a concretização do fundo de combustível para dar a possibilidade aos armadores de terem um fundo de maneio, através da Apesc, e estamos também a estudar medidas de compensação”, concretizou o ministro.
Abraão Vicente confirmou a reunião com a APESC e outras associações do sector para esta semana para apresentar algumas soluções que o Governo já tem desenhado.
“Dentro daquilo que é o pacote, o impacto vai ser absorvido pelo Governo, e o fundo das pescas e o fundo da segurança marítima vão entrar para compensar parte daquilo que é o aumento”, concretizou o ministro do Mar.
C/ Inforpress