Os restos mortais do conceituado músico e compositor Antero Simas, falecido no passado 16 de Junho, nos Estados Unidos da América, chegou a Cabo Verde esta quarta-feira. O funeral, a ter lugar no Cemitério da Várzea da Companhaia, na Cidade da Praia, deve acontecer no próximo dia 5 de Julho, segunda-feira. Antero Simas faleceu no dia 16 de Junho, em New Bedford, EUA, aos 69 anos, vítima de doença prolongada.
O corpo foi transladado para Cabo Verde esta quarta-feira, segundo confirmou ao A NAÇÃO o irmão Osvaldo Correia e Silva, segundo o qual aguarda-se a chegada da esposa e filhos para a realização do funeral.
Segundo a mesma fonte, o funeral foi marcado para o dia 5 de julho, pelas 15h, conforme decisão da família. Antes de ser dado à terra, Antero Simas deverá ser homenageado.
Autor de “Doce Guerra”
Antero Euclides Simas Correia e Silva, de 69 anos, é autor de cerca de 40 composições gravadas, entre as quais “Doce guerra”, “Destino di criola”, “Rotcha nu” e “Alma violão”.
Vem de uma família musical, já que o avô tocava violino e o pai clarinete, além de um conhecedor profundo dos géneros musicais de Cabo Verde, em especial os de Santiago.
Recebeu o prémio de composição na edição de 1987 do concurso Todo o Mundo Canta e no ano seguinte o Prémio B. Léza, instituído pelo então Ministério da Cultura, que consagrava as duas melhores composições dos primeiros dez anos de Cabo Verde independente.
Essa morna, uma “desconstrução” de Cabo Verde – “nossa dor mais sublime” -, tornou-se praticamente um hino nacional, tendo em conta como as várias ilhas e os seus géneros musicais e culturais são “recolocados” num contexto de união na diferença.
Reconhecido em vida
No início deste ano foi homenageado pela Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM), e foi vencedor do Prémio Carreira da 1ª Edição do Prémio SCM, eleito por unanimidade e aclamação na Assembleia Geral de 12 de Abril de 2022.
Aquando do seu falecimento, a SCM disse ter recebido a notícia com grande tristeza e consternação.
“É com transtorno e com imensurável tristeza profunda que a SCM acaba de receber a notícia da perda de Antero Simas”, lamentou, relembrando o malogrado como um “cabo-verdiano exemplar” e, sobretudo, um homem que deu de tudo para que a cultura cabo-verdiana, muito em especial a música pudesse brilhar, com obras de grande qualidade.
Grande perda para a cultura
O seu desaparecimento físico foi considerado, pelo ministro da Cultura, Abraão Vicente, como “uma grande perda para a cultura nacional, principalmente por ser um autor que escreveu grandes hinos, nomeadamente ‘Doce Guerra’, que acaba por eternizar o seu legado”.
“Sem dúvida é um dia triste para a cultura cabo-verdiana, perde-se um músico, um compositor de fina pena e que influenciou muitas gerações de músicos cabo-verdianos”, lamentou.
Antero Simas nasceu na cidade da Praia, no Platô, a 7 de Outubro de 1952, mas viveu grande parte da sua vida na ilha do Sal, como funcionário da ASA, e ultimamente, por razões de saúde, estava nos EUA.
Com uma extensa carreira na música, Anetro Simas fez parte, entre outros, dos grupos Os Apolos, Bulimundo e Voz Djassi.