O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva (UCS), destacou hoje, em Lisboa, a importância do mar para Cabo Verde, nomeadamente a nível do turismo, da água dessalinizada, da exportação de produtos da pesca, da aquicultura e da indústria conserveira, da segurança alimentar e economia digital, entre outros.
No seu discurso na segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que iniciou segunda-feira, 27, e decorre até o dia 01 de Julho, no Altice Arena, em Lisboa, Ulisses Correia e Silva lembrou que Cabo Verde é 99 por cento mar que, conforme frisou, também representa um “potencial de produção de energia limpa e de valorização da localização do País para ‘hub’ de actividade marítima e para segurança cooperativa marítima”.
No que diz respeito a acções para proteger o mar, o chefe do Governo sublinhou que, além das reformas, políticas e investimentos que têm sido executados, “Cabo Verde está a preparar um Pacto de Sustentabilidade no Turismo para ter hotéis verdes, sem plásticos, com energias renováveis, com economia circular da água, com veículos eléctricos e com selo de qualidade sanitária, com incentivos ao investimento para o efeito”.
Zona Especial de Economia Marítima
Ulisses Correia e Silva recordou que, graças às “boas parcerias” governamentais, científicas, académicas e de organizações não-governamentais (ONG), Cabo Verde vem crescendo em matéria de economia azul e de economia verde.
Nesse sentido, apontou que “Cabo Verde dispõe de uma Carta de Políticas da Economia Azul, uma Zona Especial de Economia Marítima, um Campus do Mar orientado para o conhecimento, a investigação e a qualificação profissional, cerca de 7% do mar territorial classificado como áreas marinhas protegidas e está a rever a lei do plástico para reforçar as medidas preventivas contra a poluição”.
“Total convergência e apoio” ao apelo da ONU
Cabo Verde, na voz de UCS, manifestou “total convergência e apoio” ao apelo das Nações Unidas à acção para salvar os oceanos e proteger o futuro.
“Cabo Verde manifesta total convergência e apoio ao apelo das Nações Unidas à acção para salvar os oceanos e proteger o futuro. Defendemos normas e regras vinculativas de direito que expressem compromissos globais e que possam conduzir à Declaração Universal dos Direitos dos Oceanos”, afirmou o primeiro-ministro, assegurando que o país apoia a Resolução da Assembleia das Nações Unidas pelo “Fim da Poluição Plástica” e sua aplicação consequente, assim como defende parcerias “fortes” no domínio da inovação, do conhecimento científico e de recursos tecnológicos.
Financiamento climático
Na ocasião, o chefe do Governo recordou que, enquanto Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês) fortemente exposto às mudanças climáticas e a choques externos, Cabo Verde e os países na mesma situação, reivindicarem “legitimamente” o reconhecimento das suas especificidades e uma “discriminação positiva”.
“Defendemos o engajamento firme com o financiamento climático e acordos de dívida externa por capital natural e climático para a aceleração da transição energética, a estratégia da água para agricultura e a transição para a economia azul”, disse o chefe do Governo.
Esta segunda Conferência dos Oceanos tem a duração de cinco dias e reúne políticos, entre os quais 25 chefes de Estado e de governo e uma centena de ministros, pelo menos 38 agências especializadas e organizações internacionais, quase 1.200 organizações não-governamentais e outras entidades, mais de 400 empresas e centena e meia de universidades.
O primeiro-ministro faz-se acompanhar de uma delegação que inclui o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas e ministro do Mar, Abraão Vicente, e o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
A conferência, organizada por Portugal, em conjunto com o Quénia, tem como tema geral: “Reforçar a acção oceânica com base na ciência e na inovação, para a implementação do ODS 14 – Conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.
C/ Inforpress