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Política

Gilberto Silva e a insegurança alimentar: Ofensiva diplomática a Dacar foi “bem sucedida”

A missão do ministro da Agricultura e Ambiente ao Senegal, para contactar os embaixadores residentes em Dacar e parceiros a nível regional, foi “bem-sucedida”. Segundo Gilberto Silva, o tema dessa ofensiva diplomática esteve à volta da insegurança alimentar, do impacto da “tripla crise” que afeta Cabo Verde.

A deslocação desse governante visou, por outro lado, o estabelecimento de articulações institucionais na procura de soluções para mitigar a situação de insegurança alimentar provocada por secas persistentes, pela covid-19 e agora pela guerra na Ucrânia.

“Essa missão teve muito a ver com um facto de muitas embaixadas estarem sediadas em Dacar, porquanto não era possível estabelecer um contacto mais directo aqui em Cabo Verde. Por se tratar de um assunto que merece um tratamento específico, decidimos fazer essa missão”, frisou Gilberto Silva ao A NAÇÃO, sublinhando que em Dacar a missão de Cabo Verde teve o apoio tanto do escritório sub-regional da FAO (Programa das Nações Unidos para Alimentação e Agricultura), bem como da direcção regional do PAM (Programa Alimentar Mundial).

Em relação ao feed-back das instituições contactadas, o governante sublinha que a missão teve como objectivo de articulação e sensibilização sobre a temática da insegurança alimentar. “Isto vem na sequência de outras iniciativas anteriores e o que lhe posso dizer é que os nossos parceiros estão muito sensibilizados quanto às consequências desta tripla crise para Cabo Verde”. 

Gilberto Silva considera que, globalmente, essa missão foi “bem-sucedida”, mas fez questão de ressalvar que “o objectivo não era sair de lá com ajuda, porquanto são coisas que requerem alguma complexidade, num processo que, normalmente, costuma ser longo e com etapas que devem ser respeitadas”.

Sobre a plataforma para aquisições agrupadas, Silva explica que é uma iniciativa da União Africana em parceira com o BAD (Banco Africano de Desenvolvimento), que criará “muitas facilidades”, especialmente para a aquisição de sementes e adubos.

“É uma oportunidade para os países e obviamente que nenhum país africano será excluído e todos são convidados a aderir em função das suas necessidades. Nós já temos a documentação relativamente a esta matéria e vamos analisar este programa que visa apoiar as campanhas agrícolas e toda a temática da produção”, realça Gilberto Silva, sublinhando que não é um programa que não contempla medidas emergenciais de ajuda.

Estados Unidos da América com falta de leite infantil 

Os Estados Unidos da América, primeira potência mundial, passa por uma crise de leite infantil. De acordo com o publicação francesa “Challenges”, o presidente Joe Biden multiplicou os investimentos militares na Ucrânia, corre o risco de recorrer a uma ponte aérea para tentar resolver a escassez de leite infantil em seu país.

Esta crise, resultado em grande parte do conflito Ucrânia-Russa, levou já grandes produtores mundiais de alimentos, como a China e a Índia a fecharem as respectivas fronteiras para que seus cereais beneficiem em primeiro lugar o seu mercado interno. “A soberania alimentar é a primeira condição da soberania”, alerta a “Challenges”.

De acordo com a mesma publicação, a situação do mercado de leite infantil nos EUA mostra o quão sensível se tornou a questão da soberania alimentar nos últimos anos, agravada agora com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois importantes produtores mundiais de alimentos e fertilizantes.

“Alguns estão a descobrir, outros há muito se preparam para isso”, constata a publicação francesa. “O crescimento populacional nos países em desenvolvimento e o aumento da demanda e do padrão de vida nos países desenvolvidos, em um contexto de mudanças climáticas, epizootias e conflitos armados em grandes áreas agrícolas, representam sérias ameaças à produção global de alimentos. Em resumo, não haverá alimentos para todos! E a guerra na Ucrânia e o aquecimento global não estão a ajudar”.

Com a crise, alerta o “Challenges”, há mais de um mês que famílias americanas têm lutado para se abastecer de leite infantil. As prateleiras das lojas estão vazias, os comerciantes on-line estão sem estoque ou solicitam aos clientes preços e atrasos anormais. E não se trata de dar ao seu filho um produto que não oferece garantias absolutas quanto à sua rastreabilidade e qualidade.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 769, de 26 de Maio de 2022

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