“Flor d’Oliveira”, de 21,37 metros, é tido como a maior embarcação construída de raíz, em Cabo Verde, com recurso a material e mão de obra nacional. O navio vai servir a comunidade piscatória de São Pedro, São Vicente e foi construído por Paulo Delgado.
O navio “Flor d’Oliveira” de 21,37 metros de comprimento, 5,40 de largura e 13,70 de altura, revestido de fibra, foi construído em São Vicente para servir a comunidade piscatória de São Pedro.
Para a sua construção, Paulo Delgado conta que precisou deslocar-se à ilha de Santiago, em busca de matérias primas, nomeadamente troncos de árvores que precisava para desenhar o perfil da embarcação.
Valeu a pena
Entretanto, informou que esta etapa “não foi fácil”, mas que o resultado do produto final “valeu a pena”, uma vez que, sustentou, “nunca havia sido feito igual no país” e o navio ficou “um espetáculo”. A viagem inaugural foi realizada a 21 de maio.
Pedro Delgado, de 55 anos, fabrica botes e barcos mediante os projectos que a ele chegam, alegando ter capacidade para construir embarcações de até 30 metros, com os recursos de Cabo Verde. Um talento que diz ter herdado do avô, que também dominava a área.
No entanto, aponta que a falta de uma área específica, preparada para a construção de navios tem sido uma das maiores dificuldades, mas reconhece que o país tem capacidade para desenvolver ainda mais este sector visto que está dotado de engenheiros, construtores e técnicos.
“Neste momento estou na Cidade da Praia a trabalhar numa embarcação num espaço desamparado e sem segurança, mas sigo acreditando e desenvolvendo o meu trabalho”, explicitou à Agência Cabo-verdiana de Notícias.
Investimento na construção naval
Este construtor pede mais investimentos por parte do Governo na construção naval, assim como formação dos jovens na área, contribuindo assim para o desenvolvimento da área, sendo que o sector do mar é um dos que “mais emprega” no País.
“Em Cabo Verde, sabem que os nossos pontos fortes são mar e agricultura, e nem estão a investir na agricultura, mas o sector do mar é forte (…)”, sublinhou.
Paulo Delgado frisou ainda que, neste momento, trabalha com uma equipa constituída por três elementos, isto porque, justificou, a falta de recursos financeiros implica na ampliação da equipa, e com um grupo “maior” seria possível dar resposta à demanda que tem sido muita.
c/Inforpress