Um grupo de antigas trabalhadoras da extinta fábrica Cape Verde Clothing, reuniu-se ontem, em São Vicente, para exigir explicações sobre a venda das instalações dessa fábrica e reclamar da indemnização que esperam há cerca de 18 anos.
Bega da Silva e Arlinda Paris, trabalhadores que falaram em nome do colectivo, recordaram que a empresa fechou em 2005 e que, desde essa altura, mais de 800 trabalhadores ficaram à espera da indemnização.
Na altura, o Sindicato da Indústria Comércio e Serviços (SICS), que tomou conta do caso na altura, remeteu o caso para o tribunal e mandou-lhes esperar.
“Deram-nos férias e nunca mais voltamos a trabalhar. Queremos que os senhores Virtolino e Zeca do sindicato nos dêem uma explicação, porque nos disseram que o caso estava sob a alçada do tribunal e agora soubemos que as instalações foram vendidas”, desabafou Bega da Silva que reclama por uma indemnização pelos seis anos de serviço.
Questionamentos sem resposta
Conforme a antiga operária dessa empresa, apesar de terem trabalhado mais de 800 pessoas na Cape Verde Clothing, nessa altura, apenas cem constam do processo no tribunal.
“Disseram que o BCA é que tomou conta do espaço e agora queremos saber como é que vai ficar a nossa situação”, questiona.
Na mesma linha, Arlinda Paris, que trabalhou oito anos, contou que a empresa fechou e ficaram a receber o salário pouco a pouco. No entanto, decidiram contactar o sindicato porque a empresa não lhes contactou mais.
“O sindicato remeteu o processo ao tribunal e a empresa fechou com todos os equipamentos lá dentro. Mas nas instalações continuaram a funcionar e já foram usadas pela associação Simabô, para ser fábrica de papel higiénico para acolher a Nato mas nem o sindicato nem o tribunal nos dizem alguma coisa”, revelou a operária, denunciando que, mesmo tendo sido vedada pelo tribunal, todos equipamentos da fábrica, como máquinas e materiais, foram de lá retirados.
Sindicato falhou
Segundo Arlinda Paris, o próprio sindicato falhou porque “escolheu” algumas trabalhadoras e “excluiu” outras do processo que submeteu ao tribunal, porque foi “colhendo as pessoas” à medida que as encontrava.
“Durante esse tempo ninguém nos disse nada e ficamos na incógnita. Tivemos que refazer as nossas vidas, mas não sabemos o que é que vão fazer com as trabalhadoras. O próprio sindicato acabou por escolher e excluir porque apenas cem pessoas constam do processo”, disse a mesma, avançando ainda que está “entre os excluídos do processo”.
C/Inforpress