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Ambiente

ECO-CV incentiva população a relatar avistamento de baleias e golfinhos nas encostas

A Associação Cabo-verdiana de Ecoturismo (ECO-CV) tem levado a cabo uma campanha de sensibilização, tendo em conta o período de reprodução de cetáceos (baleias e golfinhos), nas encostas das ilhas de Cabo Verde, que normalmente acontece entre fevereiro e maio. 

O objectivo é dar a conhecer o código de conduta, produzido pela ONG, e aplicável a todos os utilizadores do mar, especialmente embarcações, no sentido de manter o nosso espaço marinho um lugar de eleição para estes mamíferos.

De acordo com a bióloga marinha Edita Magilevicinte, da ECO-CV, cujo trabalho é focado em pesquisas e conservação de baleias e golfinhos, Cabo Verde tem identificado, até agora, 24 espécies de baleias e golfinhos, nas suas águas, o que representa quase 30% da totalidade das espécies no mundo.

“Cabo Verde é um lugar especial e muito rico para estas espécies”, considera, indicando, entretanto, que, das 24 espécies identificadas, só se tem informações da baleia-de-bossa, nomeadamente onde se reproduz e se alimenta, em abundância, entre outros aspectos.

Isto, maioritariamente graças à pesquisa de uma outra ONG que faz pesquisas na ilha da Boa Vista, e que aponta que existem, em Cabo Verde, entre 350 a 400 indivíduos desta espécie migratória.

“Chegam em Cabo Verde, para a reprodução, por altura do mês de fevereiro. Muitas vezes são vistas em zonas como Prainha, Quebra Canela, e em toda a encosta da ilha, assim como nas outras ilhas, até, mais ou menos, no final de Maio”, explicou, acrescentando que, por terem bebés, precisam de águas mais rasas e mais calmas.

Cuidados a ter no mar

O mais importante, segundo esta bióloga, é evitar perturbações para a espécie. Por isso, há algum tempo que, em parceria com o Ministério do Ambiente, a Eco-CV desenvolveu o código de conduta para a observação destas espécies.

“Quando fazemos a observação a partir de terra não há problema. Mas, quando estamos em barcos, sejam eles de pesca, recreativos ou outro qualquer, é fundamental respeitar as espécies, com, um mínimo de 60 metros de baleias adultas, e um mínimo de 80 metros quando estão acompanhados pelas crias”, explicou Edita Magilevicinte.

Os perigos vão desde a poluição sonora, perturbação pela presença de muitos barcos, entre outros aspectos que podem fazer com que elas abandonem as nossas águas.

A ONG recomenda ainda manter a velocidade e rumo do barco ao aproximar-se do animal, evitar barulhos desnecessários, distanciar-se se o animal se mostrar estressado, para além de evitar perseguir ou causar separação do grupo, tocar, alimentar ou nadar com os animais.

Colaboração dos pescadores e nadadores

Em caso de observação, incentiva a população em geral, pescadores e nadadores, em específico, a contactar a ONG, ou outras autoridades, diretamente na página do Facebook da Eco-CV, ou da rede nacional de Golfinhos e Baleias de Cabo Verde.

Aliás, segundo diz a bióloga, estes profissionais têm dado um contributo importante no registo da presença destes animais nas águas nacionais, já que estão no mar mais do que toda a gente.

“Quando relatam o avistamento, é muito importante, se possível, tirar foto do animal, porque isso ajuda a identificar a espécie.

Encalhes       

Em caso de encalhes de baleias e golfinhos, a ONG também produziu um guia, que recomenda chamar a polícia, que, por sua vez, contacta a Direção Nacional do Ambiente e ONGs com experiência para assistir os animais.

“Conhecendo a metodologia de como podemos ajudar o animal, podemos salvar a sua vida”, alerta.

Em caso do animal estar sem vida, alerta-se para os perigos do consumo da sua carne, que pode ser prejudicial à saúde ou até levar à morte, já que os animais podem também estar com alguma doença.

 Falta de apoio

 Segundo a bióloga marinha, não é suficiente apenas produzir um plano de conservação.

“É preciso que seja implementado e, para isso, precisamos de dinheiro. Graças ao Fundo do Ambiente, desenvolvemos todas as plataformas, guias de conduta e de observação, o que foi um grande progresso. Mas, depois, é preciso continuar o trabalho, especialmente de pesquisa”, refere.

O ideal seria, segundo esta profissional, fazer pesquisas concentradas e científicas em todo o arquipélago, pelo menos quatro vezes por ano.

“Mesmo em Cabo Verde, foi registada a presença da Baleia Azul há algum tempo atrás. É o animal mais grande do mundo. É um orgulho e uma pérola para o país. Por isso, precisamos de um pouco mais de colaboração dos poderes governamentais”, exorta.

A presença desses animais, segundo dizem, propiciam o Carbono Azul Oceânico, presente em animais como cetáceos e peixes grandes, que guardam, no seu corpo,  o dióxido de carbono e ajudam com a regulação das mudanças climáticas.

“Isso é um grande investimento para o país. Com baleias e golfinhos não precisamos plantar, não precisamos regar. Apenas precisamos proteger”, alertou.

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