Os produtores da área da cosmética natural vão apresentar ao Governo uma proposta para a criação de uma lei sobre a produção e comercialização de produtos cosméticos naturais, em Cabo Verde.
Esta intenção foi manifestada, ontem, numa conversa aberta realizada no Centro Cultural do Mindelo, que reuniu vários produtores de cosmética natural e onde foram partilhados os principais desafios que este sector enfrenta no país.
Rosana Lima fundadora da marca Mamdyara, uma das mais antigas neste sector, defende que deverá ser criada uma lei para os cosméticos naturais de modo a proteger a saúde dos consumidores e, igualmente, preservar o meio ambiente.
“Pretendemos pedir às autoridades para criarem leis que definam uma única classificação para os produtos cosméticos naturais e propor um sistema de classificação para os mesmos”, defendeu.
Igualmente, propõem que seja estipulado que os produtos cosméticos naturais sejam compostos por, pelo ou menos, 95% de ingredientes naturais “que não coloquem em causa a saúde dos consumidores”.
Alerta aos consumidores
A mesma fonte alerta a todos os consumidores que tenham atenção aos produtos cosméticos disponíveis no mercado e que façam uma leitura dos ingredientes antes de comprá-los ou utilizá-los.
“Frequentemente recebo pessoas procurando soluções para problemas de pele ou cabelo derivado do uso de alguns produtos inadequados que estão no mercado, então eu aconselho vivamente que tenham sempre atenção, antes de comprarem produtos, independentemente da marca que lêem, os ingredientes que os compõe”, explicou, para lembrar que esses procedimentos são muito importantes, “porque quando as pessoas têm atenção aos ingredientes conseguem identificar mais rapidamente quais são os que podem ser prejudicais”.
Desconstruir mentalidades
Por sua vez, Yarin Almeida, fundadora da marca de produtos cosméticos naturais Natuyara´s , e outra das presenças no evento, admite que viver de cosmética natural em Cabo Verde não seja fácil, mas para ela o principal desafio passa por “desconstruir” mentalidades.
“Infelizmente, recebo comentários do tipo já estás formada e continuas a trabalhar nessas coisas aqui, ou seja, muitas vezes diminuem o nosso trabalho por acharem que é uma humilhação possuir um curso superior e estar a vender produtos cosméticos na rua ou em outro sítio”, lamenta sobre o tipo de mentalidade e preconceito que as pessoas têm e que é preciso contrariar através da sensibilização e informação.
De realçar que este evento foi promovido pela Associação Amigos da Natureza cujo objetivo é fomentar a tradição e a Cultura de São Vicente, através do centro de Turismo e Economia Solidária e é financiado pela União Europeia e confinando e gerido pelo Camões, IP.
Louisiene Lima