Eleitos municipais e munícipes revelaram, em sessão da Assembleia Municipal (AM), preocupação com as condições de transferência de doentes a partir da ilha da Boa Vista e alertaram as autoridades locais e centrais a tomar medidas “céleres e sérias”. A discussão veio à tona após uma munícipe expor a transferência de uma idosa de 85 anos, numa viagem de barco de cerca de 20 horas.
O sector da saúde, com ênfase nas condições de transferência de doentes, foi um dos pontos que mereceram maior atenção, tanto pela maioria dos munícipes presentes, como pelos eleitos municipais, durante o período antes da ordem do dia, na primeira sessão ordinária de 2022 da AM da Boa Vista.
Em declarações à comunicação social, a deputada municipal do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Gilda Marques, relembrou que o assunto veio à tona através da participação de uma munícipe, que falou do caso de uma senhora de 85 anos que sofreu um acidente e será retirada da ilha de barco, numa viagem de 20 horas.
“Isto é inadmissível e é preocupante a situação de transferência de doentes e de saúde na ilha da Boa Vista”, asseverou, considerando que “não se justifica que nem sequer exista um bloco operatório que há muito se espera pela sua inauguração e entrada em funcionamento”, quando há “grande arrecadação de receitas, esbanjamento e propaganda” de Boa Vista, enquanto uma ilha turística.
Resolução urge
Gilda Marques assegurou que a câmara municipal está preocupada com esta situação, assim como os eleitos estão cientes da necessidade de se resolver esta questão no sector da saúde.
Chamou, por isso, a atenção das autoridades e alertou que espera, nos próximos dias, respostas para colmatar esta necessidade que considera “urgente”.
O eleito municipal do Partido Popular (PP), José Ferreira, considerou que câmara municipal, em conjunto com o poder central, “tem que tomar medidas de forma célere e séria” para resolver a situação da transferência de doentes.
Mostrou-se ainda “sensível” à situação da mulher de 85 anos, doente, que terá que viajar de barco, devido à falta de ligações aéreas para cuidados médicos em outra ilha.
O líder da bancada municipal do Movimento para a Democracia (MpD), Elisabete Évora, também declarou que todos já têm noção da real situação da ilha nesta matéria.
“É uma situação que tem vindo a ter alguns constrangimentos de algum tempo para cá”, opinou, frisando que, embora haja voos da Boa Vista para a Cidade da Praia, vai-se aumentar o número de viagens para evitar este tipo de situações.
Sobre a transferência da idosa, Elisabete Évora considerou que a sua bancada não pode produzir afirmações sem estar por dentro do processo e adiantou que pretende ir à Delegacia de Saúde da Boa Vista para se inteirar do caso.
Isto porque, conforme sublinhou, duvida que os responsáveis da delegacia mostrassem “má vontade” e que “haverá um motivo nos moldes que está a decorrer” a transferência da mulher.
Elisabete Évora reconheceu, por outro lado, que a obra do bloco operatório está atrasada, mas disse acreditar que se vai resolver este problema, e que “em breve” deixará de haver situações do tipo, garantindo ainda continuar a apoiar o Governo por melhorias de saúde na ilha.
C/ Inforpress