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Diáspora

Cabo-Verdianos fecham rua de Alta de Lisboa por um dia

No dia 19 de Março, sábado, os bairros da Alta de Lisboa saem à Rua José Cardoso Pires, para mostrar como a Cultura e o saber fazer vibram nesta Zona da Cidade-Capital de Portugal. A ComunicALTA é uma montra para os jovens artistas e para os micro-negócios que os graúdos criaram com a Pandemia de COVID-19. Evento do qual a Mensagem é parceira.

A Associação “Espaço Mundo” nasceu para unir todos os Bairros da Alta de Lisboa (Portugal), e, no próximo dia 19 de Março vai exibir tudo o que ali de melhor se faz.

Por via disso, é coisa que Evelize Costa, 44 anos, também conhecida na Alta de Lisboa por “Vivi”, mais tem ouvido nos últimos dias. Há um zum-zum, um vai e vém nos bairros desta Zona da Cidade que esta mulher não via há muito. O que está para vir também o devem a ela.

É presidente da Associação “Espaço Mundo”, que nasceu para unir todos os Bairros da Alta de Lisboa, e uma das coordenadoras da Montra que, no próximo dia 19 de Março, vai exibir tudo o que de melhor se faz na Alta.

Dos pequenos aos graúdos, da Cachupa à Música e aos Penteados Africanos, tudo numa só Rua: a José Cardoso Pires, no Lumiar.

Um quarteirão inteiro, fechado ao Trânsito das 10H00 (09H00 em cabo Verde) às 19H00 (18H00 de Cabo Verde), para mostrar que também aqui, na Zona que tantas vezes se sente isolada do resto da Cidade, se fazem Empreendedores.

Razão do Ajuntamento

Chama-se ComunicALTA – Feira de Comunicação e Criatividade e foi pensada pelas Associações “Espaço Mundo” e “Sempre Ligados”, em em parceria com a CLIP.

O Evento é financiado pela Junta de Freguesia do Lumiar, também a Junta de Freguesia de Santa Clara e tem a Mensagem como “Media Partner”.

Para “Vivi”, este momento é a representação de “uma Grande Liberdade”.

Os moradores não esquecem os primeiros Tempos da Pandemia de COVID-19 e como tiveram de se adaptar à falta de trabalho.

“Muitas pessoas tiveram de aprender a fazer outras coisas.
Houve muitas descobertas: bolos e rissóis feitos em casa, para venda, por exemplo. Uns lembraram-se que a máquina de costura que estava lá em casa dá para fazer arranjos e ganhar dinheiro com isso. E os jovens tiveram tempo para descobrir o talento para coisas como a música”, reporta “Vivi”.

Henrique (Deejay Rifox) vai estar a apresentar a música que produz

É o caso do Henrique Santos, 17 anos, filho de “Vivi”.
No ano passado, a primeira música que produziu, através de um Estúdio Comunitário na Alta de Lisboa, valeu-lhe o primeiro Contrato Musical. É hoje reconhecido como o “Deejay Rifox” e já o podemos ouvir na Rádio.

Outros, descobriram a fotografia, o vídeo e o som. Tudo em conjunto com mentores, profissionais da área.

E, de repente, no meio da tempestade, viram a bonança. “Nasceram imensos empreendedores na Alta, que estavam adormecidos”, lembra “Vivi”, lembrando que, antes disso, “íamos a outros Bairros, à procura de um Serviço, sem saber que o tínhamos aqui”.

E vinca: Toquem à minha porta ao lado, que eu faço. É assim, agora!”.

Drible à COVID-19

Ana Abrantes, presidente da Associação “Sempre Ligados”, conta que a ComunicALTA nasceu num Encontro, no início da Pandemia, entre vários representantes de Bairros da Alta de Lisboa.

“Foi uma Ideia que surgiu no âmbito do Projecto LXCODE, financiado pelo BIP/ZIP. Depois de percebermos que também tinham outros projectos em andamento, na Área da Comunicação e do Empreendedorismo, reunimo-nos com o PER 11 e o Centro Periférico”, aponta Abrantes.

A Pandemia teimava em estagnar os sonhos e todos estavam já em fases diferentes dos projectos. “Mas dali saiu a ideia de criar uma grande Montra de tudo o que miúdos e graúdos tiraram destes projetos”, realça a
dirigente associativa.

Bulício de sábado

A cobertura do evento vai ser assegurada por jovens dos bairros da Alta de Lisboa

No sábado que vem, 19 de Março – que é, também Dia do Pai! -, a Rua José Cardoso Pires vai estar dividida entre três grandes palcos, para que se dê espaço a todas as Artes e todos os tipos de empreendedores residentes nos Bairros.

Aliás, é como os jovens na Alta de Lisboa mais se têm feito ouvir nos últimos anos, por estes lados: através da Música e da Dança.

Por isso, a ComunicALTA vai reservar uma Área e vários momentos do dia a dar-lhes palco.

No “Palco Espaço Mundo”, vão marcar presença alguns jovens da Associação, que lhe dá o nome e do Território – como DJ’s e músicos.

O “Espaço Dança” está ao encargo do Projecto MOS.

Haverá, ainda, Aulas de Capoeira e também os CAF (Centros de Apoio à Família) vão lá estar, com diversas atuações.

Ao longo da rua, haverá várias barracas e… fique a saber, desde já, que este é o lugar dos empreendedores mais graúdos.

Os vizinhos são convidados a sair das Casas para a Rua, para mostrar os micro-Negócios, talentos que ganharam, antes ou durante a Pandemia.

Vai encontrar, também, cabeleireiros a fazer penteados tradicionalmente africanos, pessoas a tratar da manicure, a costurar e a mostrar artesanato.

Cachupa é a “Rainha”

Maria das Dores

Maria das Dores, 47 anos, vai estar à volta de uma “panela gigante”, no sábado que vem. “Dizem que é a melhor Cachupa, a minha. Mas não sei, não!”, conta, com humildade.

É uma arte que já domina há vários anos, desde que se fazem Festas e até comunhões no “Espaço Mundo”.

E ajunta: “Era eu que fazia a Cachupa para todos”.

Tantos, que não teme que o praro não chegue para os visitantes da Feira do dia 19.

Vai levantar-se às 7H00 (seis em cabo Verde) da manhã, para começar a girar a colher de pau.

Mas não só. São várias as Associações da Alta de Lisboa que vão marcar presença na Área dedicada à Apresentação de Serviços.

Aqui, as crianças vão poder aprender a andar de bicicleta com a Associação “Cicloda”, que lá vai estar também, para reparar bicicletas. É uma Feira desenhada para todas as idades, com insufláveis à mistura.

Também o Centro Periférico vai lá estar, com uma banca de produção de “T-Shirts”. E Associação cultural APARTE, com Ateliês Criativos para criação de prendas do Dia do Pai: 19 de Março.

Ainda na descoberta das artes, a Associação “Sempre Ligados” vai disponibilizar Mesas Digitalizadores, para todos aprenderem a desenharc directamente, no Computador. Ao lado de bancas como a do Festival ‘TODOS’ e do Centro Social da Musgueira.

Variedades

Mas…nem só de África se faz o paladar.

Na Feira de sábado, 19, vão estar abertas bancas de comida diversas, onde estarão, também, as comidas venezuelana, indiana, bolos e sobremesas.

Por um dia, a Rua José Cardoso Pires, no Lumiar, vai estar fechada ao Trânsito, mas…aberta ao Mundo.

Cortesia de: www.amensagem.pt

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 759, de 17 de Março de 2022

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