Um grupo de 11 pessoas que vivem com insuficiência renal manifestou-se, hoje, 15, em frente ao Palácio do Povo pelo atraso de três meses no pagamento do subsídio. Os doentes apelam à influência do Presidente da República.
Doentes e agastados com dificuldades financeiras. É assim que os doentes renais em São Vicente encontram-se com o atraso recorrente na atribuição do subsídio, desta vez já com três meses de atraso. Mais uma vez dão as caras, em meio à debilidade, para manifestarem-se.
Manuel Delgado, de 66 anos, foi um dos que deu voz ao grupo que já tinha denunciado o mesmo problema, em Novembro do ano passado, em que deparavam também com o mesmo tempo de atraso para a colocação do subsídio dado pelo Governo.
Segundo a mesma fonte, os doentes têm passado por muitas dificuldades devido aos diversos atrasos, e ainda há outras pessoas que fizeram a inscrição para receber a pensão, mas, “até agora não tiveram resposta”.
Falta de comida e abrigo
Manuel Delgado fala de problemas ligados à alimentação, pagamento de renda de casa e electricidade e outras responsabilidades, que vêm se acumulando, porque “normalmente o Governo só paga um dos meses em atraso, levando a que fiquem com dívidas na mesma”.
Conforme a mesma fonte, já não sabem a quem recorrer, porque todas às vezes que tentam contactar os responsáveis do Ministério da Saúde, na cidade da Praia, até através da delegação em São Vicente, não têm tido respostas.
Desespero
No grupo, que representava pacientes de São Vicente, Santo Antão, São Nicolau, Sal e Boa Vista, Maria das Dores, 44 anos natural de Porto Novo (Santo Antão) disse estar mesmo “desesperada” porque está há dois meses sem pagar a renda e a proprietária da casa até já lhe pediu para sair.
“Não tenho para onde ir, não tenho a quem recorrer, não tenho ninguém em São Vicente para chamar se tiver com fome ou falta de fazer isto ou aquilo”, desabafou emocionada, referindo ainda que tem um filho na escola, que a acompanha no tratamento de hemodiálise.
Contudo, Oldegar Fernandes, por seu lado, assegurou que a situação dos pacientes naturais de São Vicente é “pior ainda” porque não têm direito a qualquer pensão.
O jovem de 31 anos, que antes era pescador, disse que agora não consegue fazer esforço devido à fístula colocada no braço para fazer o tratamento de hemodiálise, mas também por estar diversas vezes internado.
Morosidade
Desde Agosto de 2021, ajuntou, entregou os documentos na segurança social, mas ainda não teve retorno.
“Não olham por nós e nem nos dão qualquer ajuda e temos passado por muitas dificuldades”, considerou Oldegar Fernandes, lembrando que o doente renal tem “muitas despesas” desde as relacionadas com tratamento, até na dieta que precisam fazer para aguentar as intervenções.
Perante todas essas situações, o grupo postou-se na manhã de hoje à frente do Palácio do Povo para tentar falar com Presidente da República, José Maria Neves, que está de visita a São Vicente juntamente com o Presidente de Angola, com a intenção de ver se este os consegue ajudar a resolver o problema.
Contudo, o grupo não conseguiu encontrar-se com José Maria Neves, mas falaram com dois assessores dele que prometeram ver a possibilidade de marcar uma audiência nesta quinta-feira, uma vez que o PR irá manter-se em Presidência, na ilha, até sexta-feira.
C/ Inforpress