O Presidente da República, José Maria Neves, reafirmou que Cabo Verde e Angola conseguiram elevar a fasquia do seu relacionamento a um “patamar de excelência”, e que os dois povos serão beneficiários directos deste “precioso valor acrescentado”.
José Maria Neves fez estas declarações durante um jantar de boas-vindas oferecido ao presidente angolano, João Lourenço, que se encontra em visita de Estado a Cabo Verde, dois meses depois do seu homólogo cabo-verdiano ter estado em Angola, também em visita de Estado.
“A celeridade na troca de visitas presidências constituem demonstrações insofismável da vontade comum, ao mais alto nível, de reforçar, aprofundar e diversificar as relações entre os dois estados. Conseguimos elevar a fasquia do relacionamento entre as duas nações a um patamar de excelência e que estou seguro que os povos irmãos de Cabo Verde e Angola serão os beneficiários directos deste precioso valor acrescentado”, garantiu.
O chefe de Estado cabo-verdiano afirmou ainda que à “vontade férrea” de recuperar o tempo perdido soma-se “um lastro de mais de cinco séculos de história comum” que “costuraram o passado dos dois países, pavimentam o presente e traçam o caminho de um futuro que se antevê muito promissor”.
“Juntos, lutamos e superamos o colonialismo e conquistamos a independência, juntos encetamos a batalha para o desenvolvimento”, prosseguiu José Maria Neves, que indicou que Cabo Verde é grato a Angola e ao seu povo porque quando ensaiava os primeiros passos como nação soberana e enquanto pairavam dúvidas sobre a sua capacidade de sobrevivência, não faltou a “mão amiga” angolana.
“Um suporte inestimável, num momento que para nós era de esperança e determinação, para não dizer teimosia, mas que para muitos era de dúvidas e de desconfiança quanto ao futuro destas ilhas”, precisou o chefe de Estado cabo-verdiano.
Na altura, relembrou José Maria Neves, o povo das ilhas “perseverou, acreditou e com a fraternidade de países amigos”, como é o caso de Angola, o espectro da sobrevivência já é hoje “uma ténue memória” do passado.
“Seguimos firmes no combate pela construção de um futuro de progresso e de bem-estar para todos os cabo-verdianos, contando com a mesma solidariedade e a parceria dos amigos de sempre”, concretizou.
Contudo, continuou, ainda antes da “aurora da independência”, Angola já contribuíra para o “alívio do sofrimento de milhares de compatriotas” que rumaram a essa terra, “escapando a um destino possivelmente trágico quando a natureza era madrasta e as autoridades insensíveis”, prosseguiu.
José Maria Neves referiu ainda que hoje a maior comunidade cabo-verdiana em África é justamente a que aportou em terras angolanas, onde, disse, a fraternidade e o acolhimento encontrados fizeram deles, décadas depois, angolanos de origem cabo-verdiana.
Ainda nas suas declarações, o Presidente da República disse ser com satisfação que regista os esforços do Presidente da Angola para uma melhor inserção da comunidade cabo-verdiana ali residente, quando também já se antevê que serão criadas as condições, nomeadamente pela implementação de acordos que visem o reforço da mobilidade entre os dois países.
“De recordar igualmente que no dealbar da luta pela independência não terá sido por acaso que cabo-verdianos abraçaram e participaram activamente na luta lado a lado com o povo angolano e, do mesmo passo, Angola ganhou um lugar ainda de maior destaque no imaginário da população residente nestas ilhas”, referiu.
José Maria Neves frisou ainda que o entrelaçamento das duas culturas é bem perceptível, sobressaindo especialmente em muitas manifestações culturais de ambos os povos com maior evidência em certas temáticas da literatura, nas cumplicidades e integrações na música e nos empréstimos e adopções na gastronomia.
C/ Inforpress