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Diáspora

Fortaleza: Cabo-verdiano relata situações de racismo em livro de autora brasileira

O cabo-verdiano Andy Monroy Osório, está entre os personagens que marcam o livro “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza”, juntamente com outro jovem de Moçambique e cearenses, residentes da capital do Ceará, Brasil. A obra, da jornalista Larissa Carvalho Primo, retrata como a discriminação racial acontece em diferentes contextos da cidade e das próprias vidas das pessoas.

 Andy Monroy Osório, designer gráfico e DJ, está entre os vários personagens que colocam a nu histórias de racismo, rejeição e violência, sofridas em Fortaleza, por conta da sua cor da pele e origem.

Durante os anos em que morou na cidade, foi barrado em restaurantes e shoppings pelo fato de ser negro. “Somos culpados antes mesmo de ouvirem qualquer tipo de esclarecimento, de saber o que foi que houve”, contou.

Até para conseguir alugar uma casa, ele teve dificuldades. “Poderia ter sido em qualquer outro lugar, porém, no momento do acontecido, a única coisa que me veio à cabeça foi isso. Se essas pessoas estivessem no meu país, eu não as faria passar pelos transtornos que eu passei”, relatou Andy.

O livro

A história de Andy consta do primeiro capítulo do livro – intitulado “Um sentimento ou mil e um olhar: o que é o racismo na visão de estudantes africanos em Fortaleza” – e onde a autora fala também de um engenheiro civil, de Moçambique, identificado como C.A.C.

C.A.C relata ter sido agredido várias vezes na Capital, de formas muito violentas, apenas por ser quem é. Fortaleza foi o lugar escolhido para realizar a pesquisa de doutorado pela Universidade Federal do Ceará.

A obra – resultado do Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo pela Universidade de Fortaleza – é a primeira assinada pela jornalista e escritora Larissa Carvalho Primo.

Ao Verso, ela sublinha ter sido um acúmulo de inquietações o principal motivo para a idealização do projeto.

No total, “Mutuê” – termo que significa “cabeça”, originado no ritual Kibane Mutuê e cultuado pelo Candomblé de Angola e do Brasil, uma forma de remeter à parte do corpo onde ficam as vivências da discriminação – traz a perpsectiva de seis pessoas.

Duas delas são africanos residentes na Capital e as outras quatro são cearenses. Foi lançado a 19 de Fevereiro, na Livraria Lamarca.

C/ Diário do Nordeste

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